(18/07/1989) 24 Horas - Operação Ampulheta

 

18/07/1989 24 Horas – Operação Ampulheta.

 


Tudo começou quando todos estavam fazendo uma pequena celebração no Bar da Chizue em Kabuchiko quando Gunwoo recebe a notícia – A operação de Tanaka tomou um rumo desastroso, Eichi Tatsuke fugiu da prisão La Santé, o que acarretou numa fuga em massa da prisão e é necessário que a Força Tarefa mande reforços. Coube a Shiro e McGyvver, aliados ao agente Liaam Peeters, da equipe de Boucher oferecer essa ajuda e a operação Ampulheta nasceu.

Quando Shiro chega em Kobe, rapidamente se junta a McGyvver para o debriefing ministrado por Renan Auclair, Dennis Leroy e Liaam Peeters.

Renan Auclair, Dennis Leroy e Liaam Peeters


O Debriefing: 

Yori foi contido na prisão La Santé em Fevereiro e Março de 1989 e de lá trouxe a notícia de que Eichi Tatsuke está dominando a prisão La Santé, não só os prisioneiros, mas guardas prisionais e até mesmo o diretor.  

Tanaka estava buscando por uma oportunidade para pegá-lo desde então. Eichi Tatsuke foi capturado na primeira missão dos operativos Mari, Sanjuro e Charlotte. Tatsuke estava transformando as dezenas de estudantes do prestigiado dojo Akikai em uma verdadeira gangue. Ele conseguiu isso após ursurpar o dojo de seus legítimos senseis se casando com a neta do Senhor Akikai e com seu carisma e influência sobrenaturais, que tornaram os estudantes do venerável sensei em homens e mulheres fiéis a Tatsuke. Tatsuke então começou a espalhar o terror em Quioto, principalmente rivalizando os Yakuza Yamaguchi-gumi. Porém, Tatsuke era muito confiante em suas habilidades, o que permitiu Mari, Sanjuro e Charlotte o desafiarem para um duelo. Mari lutou representando o trio, fazendo-o fugir, mas acabou sendo nocauteado por Yunuen.

Após ele ter sido nocauteado, os estudantes ficaram perplexos e confusos, e, depois de um discurso de Akikai Ichiro, neto do Senhor Akikai, eles pareceram voltar a sí.

Tatsuke foi muito difícil de ser questionado pela força tarefa, ele tinha um jeito de entrar na cabeça dos agentes, e facilmente evadia as perguntas ou simplesmente se recusava a responder, ele não disse quem forneceu a ele a droga que ele usava – a Stardust – e para quem ele trabalhava. Não podendo mais contê-lo na base, e sob pressão devido às graves consequências da missão em Osaka, a Força Tarefa se viu obrigada a despachá-lo para a prisão La Santé.

Na prisão La Santé, Tanaka teve o reporte de Yori que confirmou os reportes de seus contatos de que Tatsuke estava ganhando poder e influência de dentro da prisão.

As coisas pioraram quando Tanaka perdeu inclusive seus contatos na França, eles se recusam a se comunicarem de volta ou prestarem relatório, uma evidência clara de que eles foram comprometidos e que Tatsuke está próximo de fazer algo grande, provavelmente escapar e sabe-se o que ele pode fazer a partir daí.

No dia 11/07/1989, para restaurar os contatos que ele possuía na Prisão La Santé, Tanaka foi para a França preparado para tudo com toda sua equipe – foi o maior contingente enviado para uma operação de alto-risco até agora pela Força Tarefa Stargazer. Desta operação ele não retornou ainda.

No dia 18/07/1989 - Todos tem a má notícia de que de fato, Eichi Tatsuke escapou da prisão La Santé, e o caos foi instaurado na capital francesa, pois a fuga foi em massa.

Em uma decisão de última hora, Lacroix destacou Shiro e McGyvver para reforçarem e ajudarem como puderem Tanaka e sua equipe no controle de danos e no que for possível para reverter esta tragédia.

Informações importantes

Algumas informações de importância para a missão.

Poderes de Tatsuke e droga S-Delta.

Nunca de fato se coletou amostras puras da droga que Tatsuke utilizava, mas por amostras de seu sangue, se concluiu que a droga que ele utilizava era a S-Delta. Uma versão enfraquecida e diluída da droga virou febre global e é conhecida como “Valkyr”.

A S-Delta é a mais viciante de todas, deixando o dependente violento, eufórico e paranoico e mais resistente à dor.  Surpreendentemente, em usuários psiquicamente ativos ou psiquicamente dormentes, essa droga não tem os efeitos apresentados pelas pessoas que não são psíquicas, no lugar, S-Delta acorda os poderes psíquicos e os aprimora de maneira significativa, enquanto, ao mesmo tempo os deixando apáticos e insensíveis, propensos a resoluções violentas.

Até onde se sabe, apenas Eichi Tatsuke – e seu fornecedor misterioso – tem acesso a versão pura da S-Delta.

Os poderes de Eichi Tatsuke são alinhados à sugestão mental e aparentemente basta que ele fale com certa entonação para que se faça efeito. Ele aparentemente tem esses poderes sem esforço.

Porém não é a prova de falhas, há evidências de que, se ele não estiver consciente, sua influência compulsória enfraquece ou se perde completamente, e que quando um indivíduo que sofre sua influência compulsória está inconsciente, esta influência também se dispersa.

Tatsuke parece saber disso, por isso usa seu charme natural e manipulação para manter suas vítimas leais a ele, com promessas de poder e ameaças.

Então, uma forma de tirar uma pessoa da compulsão de Tatsuke é nocauteá-la, ou fazê-la dormir. Claro, ele ainda pode estar sobe influência das promessas e ameaças dele.

Importância de Tatsuke
Eichi Tatsuke


Afinal, quais são as importâncias de Tatsuke para a Força Tarefa?

Poder Psíquico Perigoso e Difícil de Conter

Tatsuke é uma ameaça imediata por causa de suas habilidades psíquicas, especialmente sua "Sugestão Mental", que lhe permite manipular e controlar pessoas com facilidade. Ele pode influenciar não apenas criminosos, mas também autoridades, guardas, e até mesmo os membros da Força-Tarefa. Isso o torna extremamente difícil de prender ou interrogar de forma eficaz. Sua habilidade de controlar prisioneiros e autoridades dentro da prisão La Santé é um exemplo claro de como ele pode usar esses poderes para criar caos e expandir seu controle e ninguém sabe que autoridades externas ele conseguiu influenciar.

 

Acesso à Droga S-Delta

Tatsuke é um dos poucos, se não o único, que tem acesso à versão pura da droga S-Delta. Uma versão diluída foi distribuída mundialmente sob o nome “Valkyr”, e esta versão inferior já consegue acordar e ampliar as capacidades psíquicas de usuários psiquicamente inclinados e tornando-os mais perigosos, enquanto afeta os não-psíquicos de maneira violenta e descontrolada. A versão pura que Tatsuke tinha acesso pode ser muito mais perigosa e apenas ele pode entregar mais informações sobre ela. Se Tatsuke continuar livre, ele pode voltar a se tornar uma peça chave para o teste da droga S-Delta pura, agravando ainda mais a violência e os distúrbios onde quer que ele vá.

  • O elo com o fornecedor misterioso: Tatsuke pode ter informações valiosas sobre a fonte da S-Delta, todos suspeitam que Sra. Izanami seja a fornecedora, mas não há provas disso.

Ligação com o Submundo do Crime

Graças a investigações anteriores da Força Tarefa, suspeitava-se que Tatsuke era considerado um dos líderes do Exército da Vingança, devido à sua influência no corpo. Porém, seu comportamento caótico e rebelde diminuiu essa possibilidade, mas há fortes indícios de que ele possa conhecer aspectos mais íntimos da organização e de seus generais, incluindo as verdadeiras identidades de Vendetta e Sra. Izanami.

  • Expansão do Caos: Sua fuga da prisão desencadeia uma série de eventos catastróficos, incluindo a libertação de prisioneiros violentos. Isso gera uma atmosfera de caos que ele pode usar como cortina de fumaça para seus planos maiores, possivelmente relacionados à dominação de mais territórios e à expansão de sua influência em Paris e além.

Rivalidade Direta com a Força-Tarefa

Tatsuke representa uma rivalidade direta e pessoal com a Força-Tarefa Stargazer. Sua habilidade de manipulação mental tornou-o quase impossível de interrogar, criando uma frustração constante para os agentes, particularmente Tanaka, que está tentando pegá-lo há meses. Além disso, o fato de Tatsuke ter escapado após uma tentativa de captura bem-sucedida humilha a Força-Tarefa, intensificando a urgência de recapturá-lo.

  • Informações Críticas Não Reveladas: Tatsuke ainda não revelou para quem trabalha ou quem está por trás do fornecimento da S-Delta. Capturá-lo é crucial para obter essas informações, e também para neutralizar um perigoso adversário com ambições de expansão.

Conexões com a Star Corp

Embora ainda não esteja completamente claro, há indícios de que Tatsuke possa estar envolvido de alguma forma com a Star Corp, seja através da distribuição de S-Delta ou outros negócios ilícitos. A Star Corp é o principal alvo da Força-Tarefa, e Tatsuke poderia ser um dos elos chave entre a megacorporação e o submundo do crime. Descobrir seu envolvimento com a Star Corp poderia fornecer pistas valiosas para desmantelar a organização. Há fortes suspeitas e certas evidências que Tatsuke tinha acesso à Colorchem, e seu depoimento pode ligar diretamente a droga S-Delta à subsidiaria da Star Corp.

6. Risco Global

Se não for contido, Tatsuke pode criar uma rede ainda mais perigosa de criminosos e usuários de S-Delta. Além disso, sua capacidade de controlar prisioneiros e autoridades mostra que ele tem o potencial de espalhar o caos em várias regiões, não apenas em Paris. A fuga em massa da prisão La Santé, que já causou grande destruição, poderia ser apenas o início de um plano maior de desestabilização internacional.

Possível Infiltração de Organizações Governamentais

Já é uma realidade de que Tatsuke conseguiu exercer sua influência na prisão La Santé, o que já é uma catástrofe, porém ele pode não parar por aí, com seus poderes, ele pode estar manipulando ou infiltrando organizações governamentais, como setores da INTERPOL ou até mesmo o governo direto de Paris ou mesmo da França. Se ele continuar a ganhar influência, ele pode desestabilizar governos e corporações, enfraquecendo as capacidades da Força-Tarefa Stargazer de agir e responder.

Objetivos da Operação Ampulheta (Aprimorados):
Objetivo Primário:

·         Capturar Eichi Tatsuke:

Tatsuke é uma ameaça que precisa ser neutralizada o mais rápido possível. O tempo é crucial para impedir que ele revele segredos vitais sobre a rede de contatos da Força-Tarefa Stargazer e sobre suas operações em Paris. Sua captura também é essencial para interromper a propagação da droga S-Delta.

Objetivo Secundário:

·         Coordenar com Operação "Sobre o Capô" (liderada por Tanaka):

A Operação Sobre o Capô tem como foco restabelecer o contato com aliados presos em La Santé. A cooperação entre as equipes é essencial para o sucesso da missão e para garantir a segurança dos agentes e contatos da Força-Tarefa.

 

Objetivos Secundários:

·         Proteger a Equipe de Tanaka:

A extração de Tanaka e seus agentes com vida é crucial. Sem eles, as chances de sucesso na missão diminuem consideravelmente.

·         Proteger os Operativos Aliados:

Extrair os contatos e operativos vitais de La Santé antes que as bombas sejam detonadas. Embora os detentos perigosos soltos representem uma ameaça, eles não são a prioridade máxima.

·         Reduzir os danos em Paris:

Mitigar os distúrbios causados pela fuga em massa de detentos é importante, mas o foco primário deve ser Tatsuke e os reféns da Força-Tarefa.

·         Capturar Ikigawa Iori e Takeo Takeyo (Se Possível):

Se os operativos encontrarem esses dois detentos perigosos durante a missão, capturá-los é um bônus. No entanto, desviar-se do objetivo principal para encontrá-los pode comprometer a missão.

·         Evitar a Detonação das Bombas de Carlos "El Jackal":

Impedir que Carlos El Jackal detone as bombas ao redor da prisão é crítico para salvar a vida dos reféns e agentes.

Ilich Ramirez Sanchez "El Chacal"


Tempo de Missão: 24 horas a partir da chegada.

Que fique claro – O plano de Eichi Tatsuke já está em movimento, é apenas uma questão de tempo para que ele consiga fugir. Por este motivo, um tempo razoável de 24 horas foi estipulado para a conclusão desta missão. É razoável se assumir que após este tempo e Tatsuke não for localizado, deve-se considerar que ele conseguiu fugir ah não ser que os investigadores possuam fortes razões do contrário.

Lacroix usa seus contatos com a guarda de Outubro para que os investigadores conseguirem usar a rota aérea soviética, que é mais rápida, com uma escala em Moscou. Porém, a viagem demorará 15 horas. Fazendo eles perderem 16 horas das 24 horas. Eles terão apenas uma noite.

A Viagem até Paris

 


Shiro, McGyver e Liaam não perdem tempo e partem direto para Tóquio. No quartel da equipe, Denis e Renan desejam boa sorte, enquanto Mari, Charlotte e Reyna vão até a saída para se despedirem pessoalmente. Yunuen, sempre rebelde, manda um aceno de longe, finalizando com uma piscadela.

No Armorial, os três agentes verificam seus equipamentos. Shiro ajusta o colete à prova de balas sobre a roupa tática, confere o peso da espada Kiba na bainha e inspeciona rapidamente seu estoque de tranquilizantes e bombas ninja. Liaam faz o mesmo com o colete, prende a pistola H&K P7 no coldre e carrega o fuzil Howa Type 89, garantindo que a munição esteja devidamente preparada.

McGyver, por sua vez, opta por algo mais... improvisado. Além do colete e da H&K P7, enche os bolsos com uma seleção curiosa de ferramentas de cozinha e escritório — ninguém pergunta, mas todos sabem que ele vai encontrar um uso inesperado para elas.

Prontos para a missão, os três seguem para a estação do Shinkansen, embarcando em vagões diferentes para evitar atenção indesejada, mas mantendo contato discreto via pagers. A viagem até Tóquio transcorre sem incidentes, o trem cortando o país como uma lâmina, veloz e silencioso.

Ao chegarem na capital, dirigem-se diretamente ao hangar da STARGAZER. Lá, encontram o avião já preparado para a decolagem, cortesia da equipe improvisada reunida por Amélie Boucher.

A ex-comissária de bordo Marie Ichikawa, mesmo sem ser piloto de combate, garantiu que tudo estivesse pronto no cockpit. Eloïse Garnier, corredora e mecânica, fez ajustes na aeronave com a precisão de um pit stop de corrida. Já Ryan Goveia, o faz-tudo da equipe, cuidou do restante — desde reabastecimento até a papelada necessária para um voo discreto.

Marie Ichikawa, Elöíse Garnier e Ryan Goveia


“Fizemos o possível na ausência dos verdadeiros profissionais,” admite Eloïse, limpando a graxa das mãos. “Mas tá tudo pronto.”

Ryan apenas assente, um leve sorriso de orgulho no rosto.

“Estamos todos prontos?” Marie fala com um sorriso praticado de comissária, antes de subir a bordo com eles. Desta vez, além de preparar o voo, ela vai junto como copiloto.

Com tudo pronto, os motores rugem, e o avião corta a noite, com destino a Moscou.

O voo seguia tranquilo. No interior da aeronave, Shiro e McGyver revisavam os detalhes da missão com calma e concentração. Marie Ichikawa e Liaam Peeters, por sua vez, conversavam sobre os protocolos diplomáticos ao lidarem com os russos, alinhando tudo com Lacroix por meio do comunicador. No mesmo canal, Amélie Boucher enviou uma última mensagem antes do silêncio operacional: “Boa sorte.”

Pouco antes de cruzarem o espaço aéreo soviético, os pagers da equipe começaram a vibrar. A mensagem era de Mamoru:
“Desdobramentos. Chequem o chat LAN.”

No canal fechado, Mamoru transmitia a gravidade da situação: Tanaka confirmara uma fuga em massa da prisão La Santé, acompanhada de explosões. Informou ainda que seus contatos estavam sendo mantidos como reféns, e que o perímetro já estava cercado por forças policiais. Dizia estar procurando rotas alternativas de entrada na prisão e solicitava apoio logístico.

Mari reagiu com preocupação:
“Aí meu Deus, diz pro Tanaka que eu tô torcendo por ele.”
Mamoru respondeu com secura:
“Tá, tá, mas não fiquem ocupando banda.”

Nesse momento, o avião cruzou a fronteira soviética e foi interceptado por um caça MiG-23. A aeronave soviética exigiu identificação. Liaam, fluente em alemão, respondeu com precisão e calma, seguindo os protocolos estabelecidos.


Poucos minutos depois, nova notificação surgiu nos pagers:

“Desdobramentos.”

No chat LAN, Mamoru compartilhou outra atualização: a equipe de Tanaka havia sido emboscada por mercenários. O agente Geffords foi gravemente ferido ao proteger Faith, enquanto Tanaka e Schumacher também foram atingidos, mas conseguiram neutralizar os atacantes. A tensão no canal cresceu.

Charlotte questionou:
“Por que estavam mirando especificamente nas mulheres?”
Mamoru respondeu, frustrado:
“Ainda não sabemos.”

Mari, preocupada, perguntou a origem dos mercenários.
Mamoru prometeu atualizar assim que tivesse mais informações.
Boucher sugeriu consultar Gyrio Gunwoo para apoio médico imediato.
Mari desejou sorte mais uma vez, mas Mamoru insistiu:
“Poupem a banda.”

Enquanto isso, a tripulação revia os protocolos de pouso em Moscou. Liaam deixou claro:
“Não devemos hostilizar os agentes russos, mas tampouco deixá-los nos atrasar. Se insistirem, digam para ligarem para o número de Rostov do Don... e peçam para falar com o 'Velho Cavalo de Guerra'.”

Já próximos ao destino, uma última mensagem de Mamoru atravessou o sistema:

Agente Geffords não resistiu aos ferimentos.
Schumacher, Faith e Tanaka, felizmente, sofreram apenas ferimentos moderados. Os mercenários capturados revelaram ser franceses e argelinos, alguns com passagens pela Legião Estrangeira, terroristas hutus, membros da GIA (Grupo Islâmico Armado) e até resquícios da OAS.

Ryan Geffords, Laura Faith e Tifanny Schumacher


Já haviam recebido pagamento adiantado. Mas não sabiam a identidade exata do contratante. Sugeriram que talvez fosse a DSGE.
As ordens eram claras:

  • Executar Tanaka e todas as mulheres da equipe.
  • Se possível, eliminar todos os demais.

No chat, a reação foi imediata:
Mari enviou um emoji improvisado de mãos em prece usando traves e pauzinhos.
Yunuen digitou:
“Filhos da Puta.”
Boucher respondeu com frieza:
“Entendido.”

O avião aterrissa silenciosamente no Aeroporto de Moscou. Dois agentes soviéticos entram a bordo. O primeiro permanece ao lado de McGyver e Shiro, observando cada gesto. O outro, com postura contida e olhar amigável, se apresenta em japonês impecável:

Nyurgun e Antonovich

— Uybaan Nyurgun. Este é meu parceiro, Maksim Antonovich. Somos da Nona Diretoria do KGB, responsável pela segurança de líderes do partido e instalações críticas. — Ele afirma, com voz calma, voltando-se para os pilotos.

Sem rodeios, Nyurgun pergunta aos pilotos se são apenas os quatro a bordo do avião. Para evitar atrasos, Liaam começa a abrir os contêineres do avião, seguindo o protocolo. Ichikawa, com educação cortês, garante:

— Não representamos ameaça alguma.

Nyurgun interrompe com um aceno discreto e um sorriso:

— Não será necessário — diz ele. — O Velho Cavalo de Guerra (Coronel Ivan Nikolevich Brekhov) deseja a vocês sucesso na missão.

Com a liberação e reabastecimento concluídos, a aeronave decola novamente.


Enquanto cruzam o céu ucraniano, uma nova mensagem de Mamoru surge:

“Contatos de Lacroix e Boucher confirmados. Existe uma entrada secreta em um café chamado ‘Café de Toussant’, que leva a um túnel até La Santé. Está bloqueado, mas Tanaka e equipe têm ferramentas para abrir. Estão escondidos e investigam possibilidades de infiltração.”


Ao cruzarem o espaço aéreo da Alemanha Oriental, outro desdobramento:

“A equipe de Tanaka foi atacada pela INTERPOL francesa em conjunto com agentes da DSGE. Agente Ventura foi ferido, nada grave. Cinco agentes inimigos foram feridos antes de recuarem.”

Yunuen reage:
— Esses caras já deviam estar mortos há muito tempo.

Lacroix escreve com frieza:
— Sorte nossa que agiram clandestinamente — nem INTERPOL nem DSGE têm missões aprovadas para atacar civis aqui.

Gunwoo complementa:
— Boucher conhece bem esses inimigos. Pode nos orientar.

E, tal qual antes, Boucher responde de forma sucinta e decidida:
— Entendido.

O contato de Boucher de pouso clandestino em um clube aéreo de Paris funcionou, do contrário eles teriam que pousar no Aeroporto Charles De Gaulle e enrolar sua entrada no país com as identificações falsas provida por Mamoru.

Mas ao entrarem em território Francês, Mamoru dá mais desdobramentos, ele informa que Tanaka confirmou a entrada alternativa e disse ser viável seu uso. Também informou que não é aconselhável a entrada na prisão pela entrada principal, pois está bloqueada pela GIGN e possivelmente é vigiada pelo operador das bombas, suspeito de ser Ilich Ramiréz Sanchez - El Chacal.   Tanaka disse que conseguiu contatar o comandante da operação da GIGN – Yves Archambeau que permitiu ele e sua equipe tentarem resolver a situação, mas avisou que eles possuem pouco tempo, pois seu chefe pressiona por ação da GIGN.

A pista de pouso do Clube Aéreo é curta, desenhada para aviões de hélice pequenos, a torre de controle os contata. “Bem vindos ao aeródromo do clube aéreo Yves de Laurant, vocês têm permissão para pousar.... Medeina está aí?” No qual Marie, assumindo que Medeina seja Boucher responde com a confiança treinada de comissária – “Não senhor, a bordo só nós quatro, me chamo Marie Ichikawa e ficarei para trás enquanto meus associados conduzem seus afazeres, confio que eu e o avião estarão em boas mãos com o senhor.” No qual o homem misterioso sorri encantado com a vóz de Marie. “Sim, sim, é claro, Mon petit trésor! Seu francês é soa cristalino de sua doce voz! Ah, e por favor, avisem a mina querida Medeina quando puderem que o Mangusto Furioso não se esqueceu que ela ainda o deve um carro esportivo.”

Ichikawa solta um risinho encantador e responde: “Passarei seu recado... Monsenhor Mangusto”.

Apesar da pista pequena, Liaam é um ótimo piloto e consegue fazer o pouso sem muito esforço.

No chão, são bem tratados pelos funcionários do clube e recebido por Gaston de Laurant, o “Mangusto Furioso”, um homem na casa dos idos dos 30, com uma aparência cafajeste de turco. Com grandes óculos escuros, cabelo penteada a gel, chamativo terno de grife e relógio de ouro. Ele fala com um taxista de sua confiança e instrui a ele a levarem os agentes para onde eles quiserem, dando a ele um generoso maço de dinheiro. “Lembre-se, meu querido Alfonse” Mangusto Feroz fala com o taxista. “Tudo que os inimigos deles fizerem contra você, eu posso fazer pior. Portanto, nada de ideias bobas.” Ele fala com um sorriso despreocupado e amigável. “Não senhor, sou todo seu, você sabe disso.” Responde o taxista feliz com o bolo de dinheiro. Marie ficará para trás para preparar o avião para voo de retorno. E o restante entra no taxi,  Marie e Mangusto os observam partir.

Paris, Arrondissement de l'Observatoire — Setor Norte

Entardecer tingido de chumbo e medo.

O velho Citroën conduzido por Alfonse freia com cuidado próximo de uma barricada policial improvisada. Luzes azuis varrem o céu. O rádio chia com transmissões truncadas:

“Fugitivos confirmados em Montparnasse... escaramuças na Rue Saint-Jacques... necessidade de reforço em Denfert-Rochereau...”

Alfonse se vira:

— Mais perto que isso, messieurs, só voando. O resto... é zona de guerra.

Eles descem em silêncio. As portas se fecham com o peso de uma missão.
Shiro ajusta a Kiba nas costas. Liaam verifica o fuzil Type 89. McGyver esconde uma faca de cozinha entre a jaqueta e um clips dobrado no bolso. Equipamento tático completo, olhos frios.

A rua está deserta — as vitrines das padarias e papelarias fechadas com pressa, toldos rasgados, lixo voando com o vento.
O norte de l'Observatoire, um bairro conhecido por seus cafés cultos e livrarias, agora se transforma em uma cidade-fantasma tomada pelo medo.

O silêncio é rasgado.

Aaaah! — um grito feminino, seco, quase engasgado.
Por favor, senhor, temos uma filha! — implora uma voz masculina, frágil como papel úmido.

Shiro sinaliza com dois dedos. A equipe segue pelos flancos, passos rápidos. Em uma esquina estreita, veem a cena: uma boutique ainda acesa, um homem de capote bloqueando a entrada. Por baixo do tecido, as inconfundíveis listras cinza e brancas da prisão de La Santé.

O vigia os vê em movimentação determinada, e alerta os colegas de dentro.

Os quatro criminosos saem da loja arrastando um senhor e uma garota. Todos armados — não com armas de fogo, mas com brutalidade de rua: uma faca de cozinha, um pedaço de madeira pesado, um abridor de cartas como estilete, e uma corda enrolada no punho como uma soqueira improvisada.

— Soltem eles e terão chance de correr vivos — diz Liaam em francês, olhos fixos.

Os criminosos regem com violência, o primeiro golpe vem seco — o do pedaço de pau — e quase acerta o ombro de McGyver. A luta irrompe como uma tempestade.

O chão vira ringue.

Shiro derruba o homem da faca com uma rasteira e um soco na traqueia. Liaam segura a corda de um dos agressores com o cano da arma e o joga contra a parede. McGyver segura o braço do homem do abridor e, com um movimento rápido, o faz bater a cabeça no batente da porta.

A garota resiste bravamente. Joga jarros, acerta um com um pallet solto no chão, grita por ajuda. Mesmo ferida, ela luta como quem se recusa a ser esquecida.

No fim, quatro criminosos inconscientes, tossindo, arranhados, rendidos. Um deles, com o nariz sangrando e o olhar perdido, fala:

— Ok! Vocês me pegaram! Me rendo!

McGyver com sotaque americano pergunta em francês sobre a prisão e Tatsuke. O criminoso ri. — Vocês... chegaram tarde. Tatsuke já saiu. Ele começou o motim. Vocês acham mesmo que ele ficou lá?

Shiro se aproxima e com o sotaque japonês carregado pergunta:

— Quem mais?

— Alguns não saíram. Não são do grupo do Tatsuke. Cor Van Holt, Holleeder... Os que pegaram o Heineken. Tão atiçando a prisão para bolar a própria fuga.
Payet? Ele vai fugir de novo, claro. Tá esperando um helicóptero que só existe na cabeça dele.
E tem aquele japonês... o canibal. O... Sagawa.

O nome paira no ar como um sopro de necrose.

McGyver respira fundo. Shiro limpa o sangue da mão com um lenço. Liaam prende os pulsos dos homens com fita plástica.

— Fechem essa loja. Barriquem as portas. Não abram por nada — diz Liaam pai e filha, com firmeza.

O senhor da loja assente, tremendo, e leva a filha para dentro.

A porta se fecha atrás deles. O letreiro da loja pisca uma última vez antes de apagar.

A noite cai sobre Paris.
E os predadores de La Santé ainda estão soltos.

Paris, proximidades da Prisão La Santé — Entardecer encoberto.

Seguindo pelas ruas secundárias do norte do arrondissement de l'Observatoire, o trio avança com cautela. O cenário é de abandono: vitrines quebradas, sirenes ao longe, e o ar pesado de uma cidade à beira do colapso.

Yves Archembeau

No caminho, Shiro recorda o conselho de Tanaka — entrar em contato com o comandante Yves Archembeau, da GIGN. Ele pergunta se o walkie talkie pode captar o canal de operações. McGyver coça o queixo, mas é Liaam quem responde com um breve aceno de cabeça:

— Dá pra fazer... temos uma série de possíveis códigos da frequência.

McGyver gira os botões do rádio com dedos firmes. Um chiado. Vozes. Conseguiu. Mas Archembeau está no meio de uma conversa com seu superior. Os agentes decidem aguardar o momento certo.

Quando chegam à rua lateral da prisão, a realidade é pior do que imaginavam.

A rua está tomada por veículos abandonados, muitos colididos, como se o tempo tivesse parado no meio de uma evacuação desesperada. O portão de ferro na muralha lateral da prisão, claramente uma adição recente, não consta nos mapas de Mamoru — um lembrete de que nada é confiável aqui.

À frente, luzes giratórias azuis tremeluzem no horizonte. Furgões blindados da GIGN bloqueiam a entrada principal da prisão. Mais ao longe, em um dos prédios que encaram a penitenciária, os investigadores supõem que El Chacal pode estar observando. Uma sombra invisível, pronta para apertar um detonador.

Do outro lado da rua, o letreiro gasto do Café Toussant balança com o vento. É ali que está a entrada clandestina — o túnel usado pela equipe de Tanaka.

De volta ao rádio, McGyver intercepta uma nova transmissão: o comandante Archembeau recebe ordens do superintendente Jean de la Cour para iniciar a invasão da prisão em vinte minutos. A ordem vem carregada de ignorância ou descaso — todos sabem que El Chacal pode explodir tudo se a GIGN agir precipitadamente.

Antes de avançarem, Shiro nota algo estranho: um carro mal estacionado entre os destroços. No banco da frente, um homem observa a prisão com atenção; ao lado dele, uma mulher mastiga algo, trocando palavras baixas; no banco de trás, um homem mais jovem, musculoso, vigia como um cão de guarda. Os três não parecem civis.

Shiro decide que é hora de contatar Archembeau. Quando finalmente consegue uma linha limpa, ouve o final da conversa com De la Cour — ordens de prender Shinji Tanaka sob acusação de insubordinação.

Mesmo assim, Shiro se identifica.

— Meu nome é Shiro Okabe. Sou aliado de Tanaka. Viemos para resolver a situação por dentro — sem vítimas, sem explosões.

Houve silêncio. Então, a resposta:

— Trinta minutos. Depois disso, serei obrigado a entrar com toda a força. Há reféns lá dentro — três, em particular, devem ser salvos a qualquer custo:

Lucien Clouvière, deputado e líder do Comitê de Saúde Pública.

Georges Fourelle, secretário-geral do Ministério do Interior.

Arnaud Charbonne, ministro da Indústria e Comércio.

Lucien Clouvière - Georges Fourelle - Arnaud Charbonne


Se eles morrerem... acabou.

Shiro aproveita para informar sobre o trio suspeito. Archembeau responde, tenso:

— Aquela área devia estar evacuada. Não tenho homens lá. Se puderem... lidem com eles.

Com isso, os agentes seguem para o Café Toussant. Mas percebem que passar despercebidos pelo carro do trio será impossível — e tentar contorná-los tomaria tempo demais. Decidem arriscar.

Shiro e Liaam se aproximam como cidadãos preocupados, tentando convencer o grupo a sair da área. Mas antes que possam terminar a frase, armas são puxadas, frias e precisas. Liaam recua rápido apontando o fuzil, Shiro também ameaça sacar sua espada, McGyver com no meio dos dois grupos, com as mãos abertas. O impasse se forma.

— Vocês não são civis — diz a mulher morena, apontando para eles uma pistola beretta.

— Nem vocês — responde McGyver, com um sorrisinho sarcástico.

Após alguns segundos tensos de negociação por uma saída do impasse e questionamento dos agentes, a situação se dissipa quando os investigadores mencionam a INTERPOL e Charles Lacroix.

— Esperem, superintendente Lacroix? — O espião de cabelos encaracolados fala, baixando sua arma.

Shiro confirma.

— Então vocês estão junto com Tanaka? O jovem musculoso pergunta, ainda apontando sua escopeta.

— Amélie Boucher trabalha para Lacroix agora? — A espião franco argelina pergunta.

Liaam arrisca, e confirma com um aceno, sem tirar o dedo do gatilho.

A revelação abala os três.

— Prova — exige a mulher. — De que Boucher ainda luta do lado certo. De que ela não foi... comprada.

Shiro começa a falar dos feitos de Boucher na STARGAZER, a luta contra os Yakuza, o salvamento de uma criança, o sacrifício dela para evitar que terroristas entrassem no Palácio Imperial. Liaam segue falando como ela lutou contra os Madalone da Camorra, e como ela contribuiu para revelar ao mundo o escândalo das vacinas contaminadas da Bayer e do escândalo de corrupção do Banco Ambrosiano.

 Silêncio. Troca de olhares. Então, a mulher suspira.

— Ela ainda tem aquele olhar teimoso? Que acha que pode salvar o mundo na unha?

— E o mesmo temperamento explosivo — responde Liaam.

A tensão quebra. A mulher se apresenta: Eliza Benchetrit, agente da DSGE. O homem ao lado, de olhos afiados, cabelos encaracolados e rosto limpo, é Tomas Toussant. O mais jovem, de cabelo raspado no estilo militar, forte e curioso, é Hugo Merlot, um novato leal a ambos.

Eliza Benchetrit, Tomás Toussant e Hugo Merlot


— Vocês têm caminho livre. Mas fiquem atentos — diz Eliza. — Nosso superior, Domenique Leclerc, está trabalhando com a INTERPOL francesa, e as ordens dele são para eliminar vocês. Se vocês forem vistos... eles não hesitarão.

— Estamos ficando sem aliados — comenta McGyver.

— Então tratem de valorizar os poucos que restam — diz Tomas, acendendo um cigarro com um isqueiro de prata.

Antes de partirem, Eliza oferece algo a mais:

— Podemos ajudar mais, mas não aqui onde podemos ser avistados, se precisarem de nossa ajuda, procurem o Hotel Jardin Parisien, na fronteira da cidade. E avisem Boucher... que ela ainda nos deve respostas, não se abandona os colegas do jeito que ela nos abandonou, foi baixo até para nossos padrões.

O trio entra no carro e parte.

Os investigadores respiram fundo e finalmente se dirigem ao Café Toussant.

O túnel os aguarda.

E o inferno de La Santé está prestes a revelar seus segredos.

A Prisão La Santé

Eles entram no Café Toussant, onde o dono, ao ver eles preparados para uma guerra, acena para que eles vão ao banheiro. Eles adentram o túnel que toma um bom tempo o caminho, e acabam no canto frontal da prisão, junto a uma das torres. E ouvem barulhos de tiro vindos de dentro do Quartel da prisão. Eles entram lá e encontram Tanaka e sua equipe imobilizados por tiro pesado e uma leva de prisioneiros os atacando. No meio da confusão, Tanaka fica muito feliz em vê-los, e pede um favor, que eles vão escondidos usando as armações de concreto do teto neutralizar a metralhadora pesada, que após isso ele tem certeza que essa gangue se aquieta e eles podem vencê-los.


Apesar de alguns problemas com Liaam, eles conseguem atravessar escondidos, enquanto a equipe de Tanaka distrai os prisioneiros com uma chuva de balas. Eles chegam na metralhadora, que está sendo operada pelo lidera da gangue do machado, o infame Serge à la hache.   O combate foi difícil e brutal, os investigadores estavam muito nervosos e o azar estava ao lado deles. Mesmo assim eles venceram Serge e seus guarda-costas. Com isso, os remanescentes da gangue se dispersam, perdendo a coragem em continuar enfrentando a equipe de Tanaka.

A confraternização entre McGyvver, Shiro, Liaam e Tanaka e sua equipe foi comovente. Em partícula com Shiro, Shumacker e Pachino, os cozinheiros da FTE. Tanaka também ficou feliz em ver Shiro bem.  Tanaka explica a complexa situação da prisão.

Eichi Tatsuke fugiu, mas deixou para trás seus informante, homens e mulheres que arriscaram suas vidas pela FTE, eles não podem morrer.

Tanaka e sua equipe confirmaram a existências das bombas, é possível vê-las pelas câmeras de segurança da sala de vigilância do quartel.

Os reféns estão todos concentrados na pátio panóptico, guardados pr remanescentes da “Gangue do Tatsuke”, prisioneiros leais a Tatsuke que permaneceram na prisão. Os reféns estão postos no centro, impossibilitando o acesso furtivo a eles. A gangue é numerosa, dezenas deles, liderados pela ex-Yamaguchi-gumi Hijikawa Ichigo.

Entrar no pátio e lutar o caminho até os reféns é possível, mas requererá um custo humano que Tanaka não quer sofrer, já basta uma casualidade.

Porém, a Gangue do Tatsuke tem inimigos.


Cor Van Holt e Willem Holleeder, ex gangster motociclistas e sequestradores estão liderando uma rebelião para tentar escapar pela saída da prisão. Negociar com eles para que eles ajudem no assalto contra o pátio panóptico trará mais homens e caos o bastante.

Já Pascal Payet, é um famoso ladrão de bancos e especialista em fugas de prisão. Ele com certeza conhece uma rota secreta para a o panóptico, basta negociar com ele.

Com isso, eles tem que se decidir o que fazer agora.

Investigadores decidiram ir até Van Holt e Holledeer – após um tensa e arriscada conversa, eles conseguem convencer os dois a cooperarem indo atacar a gangue de Tatsuke na Pátio Panóptico em troca de recomendações de bom comportamento, auxilio a sufocar a rebelião e transferência para a Holanda.

Cor Van Holt e Willem Holleeder


Depois ele foram atrás do Pascal Payet, o mestre de fugas que conhece toda a prisão e pode encontrar rota alternativa para o pátio panóptico.

Mas, no caminho, passando pela ala médica, os corredores ficaram mais negros e surreais, a prisão pareceu mudar, as paredes ficaram negras como fuligem, e o concreto foi substituído por tijolos. Lamúrias de mulheres podiam ser ouvidas. Sangue começou a brotar das paredes, a ponto de encharcar o chão.

A equipe inteira de Tanaka, Liaam e McGyver caem inconscientes, apenas Shiro e Tanaka ficam de pé.

Uma risada sinistra, espectral. "Conto quatro deliciosas mulheres, meu pequeno amigo japonês" Uma voz desencarnada é ouvida.

"Quatro, hihihihi! Isso é um verdadeiro banquete! ITADAKIMASU!" Uma voz obviamente enlouquecida, mas vindo do fundo do corredor responde.

   Se rastejando da escuridão, um pequeno Japonês Nu, com uma faca de cortar carne e osso de cozinha aparece, sorrindo, lunático. E se condensando à existência, uma sombria figura fantasmagórica de um homem em antiquados trajes de médico.

Tanaka e Shiro lutaram contra Issei Sagawa, o canibal de Paris e Marcel Petiot, assassino serial que matou 60 mulheres no final do século 19, e foi condenado a morte em 1946

Issei Sagawa e Marcel Petiot


Após lidar com a aparição e o canibal, eles seguiram caminho até onde Pascal Payet estava. Lá encontraram ele no atelier, tendo criado uma armadura completa feita de coletes a prova de bala para sí e trabalhando em uma outra coisa, ele para o maçarico de solda, tira a máscara de solda e olhando para eles com um cativante sorriso, pergunta como pode ajudar.

Pascal Payet

Os investigadores sabiam que Payet era um homem violento e que realmente não quer ajuda para sair da prisão, já que ele é confidente que pode escapar por conta própria. Os investigadores atiçaram para o espírito aventureiro e violento dele, o instigando a se desafiar em conseguir abrir uma passagem para eles até a prisão panóptica. Ele não estava completamente convencido, então os investigadores tentaram a intimidação, dizendo que eles poderiam vencer dele rapidamente com os números, granadas e fuzis, mas finalmente, foi McGyver que o convenceu o ajudando a entender como ele colocaria para funcionar um sistema de polias que ele quer usar para escapar de lá. Grato, ele decidiu ajudá-los, explicando que há uma falha na parede da torre da escada sul, explodindo-a se abre uma entrada fácil para o pátio panóptico.

Os investigadores então coordenam com Van Holt, Holledeer e Payet – o tempo é curto e tudo tem que sair de forma perfeita. Holledeer e Van Holt atacariam primeiro, e quando todos estivessem ocupados com eles, Payet explodiria a parede e ele entravam.

Porém, enquanto estavam discutindo os pormenores e se preparando, um homem identificado como Hans Gruber os abordou.

Gruber, um terrorista conhecido, foi capturado pela Interpol após uma tentativa de roubo na Europa. Ele foi preso como parte de um esforço internacional para desmantelar seu grupo.

Hans Gruber

Gruber ofereceu informações a eles cruciais para entender melhor o que Tatsuke planeja, ele sabe que todos os políticos feitos de refém por Tatsuke estavam Lucien Clovière, Georges Fourelle e Arnaud Charbonne, todos conversavam com Tatsuke sobre negociações envolvendo drogas de farmacêuticas asiáticas. Além disso, ele ainda joga outras informações no pacote, e vai citando várias empresas nos quais esses políticos estão envolvidos de maneiras ilícitas – uma delas Inoda Coffee é propriedade de Maeda Toshiyoshi, daimyo do clã Maeda da Sociedade da Mão Esquerda. Os investigadores lembram que Boucher suspeita dos Maeda, já que a Stargazer está influenciando os Yakuza – coisa que seria o papel dos Maeda para fazer. Ele está disposto a ativar seus contatos para obter cópias de documentos comprovando o que ele diz. Em troca ele pede para ser ajudado a fugir. Ele diz que se manterá foragido apenas por 30 dias, indo se entregar novamente. Os investigadores entenderam que a data de “liberdade” que ele sugere coincide com a proximidade de seu julgamento de apelo. Os investigadores decidiram ser cuidadosos, apesar de estarem dispostos a obter essas informações, eles estão receosos de que ele esteja controlado por Tatsuke, portanto, após o combate, irão induzi-lo ao sono para que qualquer efeito de Tatsuke desapareça, se houver.

Payet prepara os explosivos na parede defeituosa, e quando os homens de Holledeer e Van Holt invadem, o caminho é aberto e os investigadores entram, armas disparando.

A cena está um caos, na base da torre panóptica, estão os reféns, amarrados, vendados e amordaçados. Bombas piroclásticas estão instaladas em pontos estratégicos no pátio, os prisioneiros leais a Tatsuke estão em franca batalha com o bando de prisioneiros de Holedeer e Van Holt, Payet, com sua armadura a prova de balas, corre para o meio da batalha.

Porém, os homens armados de Tatsuke entendem a ameaça do time de Tanaka, e se esforçam para alvejá-los, prejudicando a entrada. Tanaka ordena Winters, Miura, Porter e Zimmer tomarem a torre panóptica, enquanto eles avançam até a construção do pátio – o objetivo é chegar ao segundo andar dele, onde eles avistaram Hijikawa Ichigo – ex Yakuza dos Yamaguchi-gumi que agora lidera os prisioneiros leais a Tatsuke.

O time sobe sob fogo inimigo, luta seu caminho na construção até as escadarias, mas quando finalmente chegam ao segundo andar, Tanaka ordena Faith, Peeters, Ventura, Schumacher e Pachino defenderem o perímetro enquanto ele, McGyver, Shiro e Ichikawa vão atrás de Ichigo, que não estava sozinho, ele estava acompanhado com 3 perigosos prisioneiros; Grégoire “Le Fou” Martel, Mounir “Al-Jiddar” Haddad e Émile “Aiguille” Vautrin.

Émile “Aiguille” Vautrin, Grégoire “Le Fou” Martel e Mounir “Al-Jiddar” Haddad


Grégoire, ex-gangster da máfia Corsa, é um homem alto e magro nos meados de seus 40, vestindo sua roupa prisional com rasgos e aberta para mostrar suas várias e antigas tatuagens de facas, crânios e cruzes. Le Fou carrega uma lança improvisada feita de um cabo de vassoura e uma barra de ferro batida e afiada. Ele ganhou o apelido “Le Fou” (O Louco) por ser imprevisível e extremamente violento, proclamando poemas enquanto empala seus oponentes.

Mounir é um gigante Marroquino que já foi leão de chácara em Marseille, mas entrou para o mundo do crime com roubos armados a bancos. O homem é gigantesco e músculoso, conhecido por seus punhos esmagadores. O apelido, “Al-Jiddar”, significa “O Muro”.

Émille é um homem francês magro e maligno, se divertindo com suas tendências sádicas. Inicialmente um ladrão de carteiras, se tornou lutador de facas e foi preso depois de múltiplos assassinatos quando entendeu que era mais fácil tomar as carteiras de pessoas mortas. Seu apelido “Aiguille” (Agulha) se deve ao fato dele usar grandes agulhas como armas de arremesso.


E finalmente Hijikawa Ichigo, um gigante japonês com o corpo musculoso e tatuado. Ele era tenente dos Yamaguchi-gumi quando se tornou representante de seu clã para “assuntos internacionais”. Cinco anos atrás ele foi preso em uma emboscada policial na França, Tatsuke o convenceu de que ele foi denunciado pelo próprio clã.

Não havia espaço para negociação, então tem-se início o combate.

Hijikawa Ichigo
O combate foi duro, com Tanaka e Ichikawa abrindo fogo e Ichigo respondendo, enquanto os demais corriam para o corpo a corpo. MacGyver foi rápido em neutralizar os oponentes desarmando-os, eles eram menos perigosos desarmados. Aiguile deu trabalho com seus arremessos e sua faca e Al-Jiddar ameaçou com seu tamanho e socos, Ichigo também foi brutal com seus encontrões e ombradas, mas McGyver, Shiro e Tanaka estavam conseguindo segurar bem, enquanto Ichikawa atingia os oponentes com tiros precisos. Em um momento, livre de hostilidade na torre panóptica, Elizabeth Winters começou a ajudar disparando contra Al-Jiddar, quase o matando e contra Le Fou, o derrubando. Ichigo conseguiu encurralar Ichikawa e o derrubou com uma cabeçada, mas afora isso, os investigadores conseguiram derrubar todos. Tudo o que resta agora é libertar os reféns e sair da prisão de forma ordenada e rápida.

Ichikawa e alguns prisioneiros foram cuidados, os reféns foram libertos, não sem antes terem o cuidado de verificar se eles estavam controlados ou não, restava agora sair de lá sem fazer o Chacal explodir as bombas.

O túnel do café era impossível, pois era longo e apertado para tanta gente, a melhor ideia era arriscar a entrada frontal e torcer para que o Chacal demorasse para entender o que acontecia.

  Surpreendentemente, Holeeder e Van Holt vieram com a ideia combinar com o comandante de campo de GIGIN Yves e fingri uma fuga da prisão pela frente, usando a confusão para fazer os investigadores e os reféns saírem.

Deu certo, tarde demais as bombas foram detonadas, explodindo o pátio panóptico, a guarita da prisão e o quartel, A GIGIN colaborou para que os reféns saíssem e apenas alguns reféns foram levemente feridos com os detritos da explosão.

Tanaka reitera aos prisioneiros que vai cumprir sua palavra, e fala para Yves Archembeau que aqueles prisioneiros que o ajudaram na saída e outros dentro os ajudaram na contenção da revolta dentro da prisão.

Archembeau aproveitou para falar algo que o pertuba. Ele revela que De La Cour, seu comandante e um alto oficial da polícia parisiense, está agindo de maneira estranha e contra o seu caráter, o que levanta suspeitas de que ele está sob a influência de Tatsuke. De La Cour mandou que Archambeau capturasse ou eliminasse os agentes da Stargazer, mas o comandante, reconhecendo o perigo da situação, se recusou. Archambeau também confirma que De La Cour esteve em uma reunião com outros chefes de polícia e autoridades de Paris, incluindo o diretor da prisão de La Santé. A suspeita é que Tatsuke usou seu poder psíquico para controlar essas figuras-chave, garantindo proteção e facilitação em sua fuga.

Após falar isso, Archembeau os avisou que se eles quiserem mesmo capturar Tatsuke, que eles saibam que o trabalho será bastante difícil, porque toda a polícia parisense, em especial a GIGN está atrás deles.

Após a descoberta assustadora, eles questionam os reféns.

Primeiramente eles falavam com os contatos de Tanaka que eram Philippe Beaulieu - Diretor da Prisão La Santé, Sophie Durand - Enfermeira Chefe da Prisão, Arnaud Lefevre - Oficial de Segurança da Prisão, Henri Morel - Chefe de Manutenção, Camille Fournier - Funcionária Administrativa. Eles contribuíram desenhando um perfil de Tatsuke para eles, explicando que ele é um homem de grande magnetismo, muito carismático além do poder sobrenatural de “entrar em sua cabeça”. Mas ele é muito vaidoso e orgulhoso, de maneira nenhuma ele iria se comportar como um foragido, nunca que ele iria sair do país em um compartimento de carga ou porta-malas, por exemplo. Eles apostam que ele irá sair confortavelmente, em primeira classe se possível, de avião, trem ou navio. Eles também creem que Tatsuke provavelmente vai fazer “turismo” pela cidade, tão confiante ele é. Mas isso não apaga seu brilhantismo.

Esquerda para direita, de cima abaixo: Arnaud Lefreve, Henri Morel, Camile Fournier, Philippe Beaulieu e Sophie Durant


Beaulieu fala como foi a última reunião que teve com Tatsuke, ele conversou com ele e outros oficiais da polícia, incluindo de La Cour, como se fosse um amigo, mandando a eles não o perseguirem e distribuindo fichas dos agentes da INTERPOL sobe superintendências de Lacroix (Boucher, Lacroix, Gunwoo, Tanaka, Perez) e dizendo que eles devem ser capturados ou mortos.  Descreveu também algumas pessoas que podem estar junto aos agentes que ele quer capturado “que depois ele vem pegar” que são Mari, Sanji, Charlotte e Yori Takeyo – desses, o único que ele tinha registro era Yori.

Émile Roche

Depois foi a hora de conversar com os agentes da INTERPOL presos que eram - Émile Roche - Investigador veterano especializado em crimes financeiros, Nadia Belkacem - Perita em operações de campo e infiltração, e Viktor Ivanenko - Analista e estrategista.

Acabou que esses agentes não só eram amigáveis como todos eles trabalham secretamente para a STARGAZER, a perda deles seria um golpe que cegaria a Força Tarefa totalmente na Europa.

Eles falam sobre o que sabem sobre Tatsuke, inclusive dão um pedaço de informação que eles analisaram sobre o modo de operação dele baseado em testemunhas cruzadas de prisioneiros e dos estudantes do Dojo Akikai – Tatsuke gosta de plantar falsas pistas ou obstáculos que servem para despistar seus inimigos. Para o senhor Akikai, usou sua filha para forçar sua aceitação no dojo, para os agentes da prisão, Tatsuke usou problemas pessoais, e para prisioneiros, usou ameaças imediatas, como risco de solitária ou ataque noturno. Portanto, cuidado em lidar com os obstáculos, podem ter sido cuidadosamente colocados apenas para atrasar. O interessante foi como eles disseram que foram presos, justamente quando eles estavam investigando os acontecimentos da Polônia e a sua ligação com Hugal Bernstein, que tem aparentemente um projeto separatista em território polonês que ele chama de “Projeto Darklonia”. Bernstein também recebeu em sua mansão o Superintedente da INTERPOL Henri Orlik, que eles suspeitam fortemente ser um dos principais sabotadores da Stargazer na Interpol Francesa.

Nadia Belkacem

Quando eles estavam envolvidos, Belkacem foi atraída em uma falsa oportunidade de questionar Tatsuke e ajudar a Força Tarefa, era uma armadilha e ela acabou levando seus aliados Émile Roche e Viktor Ivanenko a cair nela. Manter eles não comprometidos é mais um motivo para a captura de Tatsuke, pois eles acreditam que Tatsuke irá usar a identidade deles e os negócios fechados com os políticos Charbonne, Forelle e Clóviere como moeda de troca para ser reintegrado ao Exército da Vingança.

Eles também acreditam que Tatsuke tenha criado uma célula do Exército da Vingança na Europa, ou algo pior envolvendo a volta da Red Shadows.

Viktor Ivanenko

Finalmente, os investigadores interrogam os políticos. Eles começaram pelo menos importante deles, o deputado e líder do comitê de saúde pública Lúcien Clóviere.

Lucién Clóviere tentava o tempo todo se fazer de desentendido e dizer que o que fez, fez pela saúde do país e que foi manipulado. Mas quando ele começou a entrar em contradição e os investigadores o intimidaram, ele se desesperou e acabou confessando que ele fez um acordo com Tatsuke de encobrir a entrada da Stardust através de "programas experimentais" nas áreas de saúde pública, aproveitando seu comitê para legalizar pequenos lotes da droga. Sua máscara de "progresso social" o torna ainda mais detestável. Os investigadores apertaram ainda mais e ele e no desespero acabou falando de Charbonne. “É com ele que vocês têm que se preocupar! No acordo ele vai usar o ministério para facilitar a entrada das drogas!”

Com isso, ele foram falar com o segundo político, Georges Fourelle, secretário geral do ministério do interior.

Fourelle vivia tentando desviar o assunto para sua mulher ou se esconder atrás dela. Bernadine Fournier Fourelle, é uma popular e famosa socialite parisiense e patrocinadora da UNICEF, tendo emprestado seu rosto e influência para ajudar crianças em zonas de conflito mundo afora.

Mas os investigadores acabaram intimidando-o a dizer. Fourelle usaria sua posição para manipular os serviços de segurança, garantindo que as operações da Star Corp não sejam perturbadas pela polícia local. Também vendeu informações privilegiadas para Tatsuke, atuando como intermediário.

Finalmente eles chegam em Arnaud Charbonne, ministro da Indústria e Comércio.

Charbonne, sabendo que já havia sido desmascarado por Clóviere foi direto ao ponto. Ele disse que sim, seu papel era facilitar a entrada da droga Stardust sob o pretexto de estimular "acordos comerciais internacionais" com a Ásia. Ele se demonstrou muito convencido de que nada de mal aconteceria com sua carreira, inclusive certo de que voltaria em breve aos seus afazeres após sair da delegacia. Onde ele faria o seu possível para se vingar de Tatsuke.

Tanaka e sua equipe decidiram primeiro lidar com o obstáculo da polícia, pois com a polícia atrás deles seria muito mais difícil concluir a missão. Além disso, como de La Cour está agindo contra sua índole, significa que Tatsuke falou com ele recentemente, então o comandante da GIGN pode ter mais pistas sobre o paradeiros de Tatsuke.

Tanaka cumpre sua promessa e libera Hans Gruber, em contrapartida Hans cumpre a sua e anota para ele um código dos endereços dos escritórios de seus contatos dizendo “Se vocês forem tão bons quanto parecem, decifrar esse código não será problema. Boa caçada, e se forem para atirar em Tatsuke, deem um segundo tiro por mim.” Desaparecendo em seguida na confusão.

Tanaka ordenou Agente Pachino em seguir os políticos e presos para recolher os depoimentos e manter um olho neles. Charbonne os assegurou que “não deixaria nada acontecer com Pachino.”

Yves Archembeau havia evacuado os feridos e organizado a GIGN para tentar encontrar o Chacal. Dando a chance dos investigadores “desaparecerem.” E foi isso que eles fizeram.

Rosny-sous-Bois — Infiltração ao Quartel da Gendarmerie

O esconderijo improvisado de Tanaka ficava nos limites invisíveis da Paris esquecida — um bloco modesto de cortiços em Rosny-sous-Bois, onde as ruas tinham mais sombras do que postes de luz, e onde a síndica, uma ex-conhecida de Boucher, preferia não enxergar aquilo que pudesse comprometer sua tranquilidade. Era uma aliança silenciosa — útil e fiel — construída não com palavras, mas com olhares cúmplices e portas que não se abriam sem motivo.

Ali, deixaram Keitaro Ichikawa, ferido demais para prosseguir. Ele aceitou o papel de sentinela do improviso, enquanto o restante do grupo mergulhava em um plano de precisão cirúrgica.

Com os mapas e esquemas do forte fornecidos por Hiyata Mamoru — que havia cavado cada byte de dados das entranhas dos sistemas de vigilância franceses — e as instruções de infiltração e discurso preparadas por Amélie Boucher, os investigadores delinearam o plano: Tanaka e sua equipe fariam o barulho, atraindo a GIGN como moscas à luz, enquanto McGyver, Shiro e Liaam Peeters mergulhariam nas sombras.

Às 18h30, duas horas e meia do prazo já haviam escorrido pela ampulheta. Ao chegarem ao bairro Rosny-sous-Bois, o clima era tenso. Barreiras da GIGN surgiam entre esquinas comuns e fachadas de concreto. Sirenes estalavam ao longe. Eles se dividiram como peças de um xadrez sujo.


Tanaka e os seus entraram em movimento, encenando uma distração convincente
— um tumulto o suficiente para fazer as rádios crepitarem nos cintos dos policiais e os olhos se voltarem para longe do verdadeiro alvo.

Enquanto isso, os três infiltradores se moviam como sombras vivas, atravessando telhados baixos e becos em silêncio mortal. Chegaram ao pátio do quartel, onde dois gendarmes a cavalo patrulhavam em círculos preguiçosos. Mas os cavalos não foram tão complacentes: farejaram o cheiro do medo, ou talvez o som da tensão — e relincharam.

Antes que os policiais entendessem o que havia despertado os animais, os agentes já estavam dentro — uma janela de banheiro se abriu como um suspiro do destino, e eles deslizaram para dentro como fantasmas urbanos.

Por dentro, o forte fervilhava de vozes e movimento, graças à distração de Tanaka. Aproveitando o caos, McGyver e os outros atravessaram corredores e salas vazias com uma coreografia ensaiada de espionagem e sangue-frio.

Chegaram ao corredor do comandante. A porta blindada do escritório de Jean De La Cour estava protegida por dois agentes da GIGN — rígidos, armados e atentos como cães de guerra.

Foi quando Shiro decidiu que era hora de agir.

Ele deslizou pelas sombras, suas pisadas tão leves quanto o vento da noite. Então, como um raio contido por tempo demais, desferiu seu "Spinning Hachi" — uma tempestade de chutes precisos que varreu os dois guardas ao chão, abrindo a porta com uma explosão de madeira e metal retorcido.

O caminho para De La Cour estava aberto. O tempo, no entanto, estava se esgotando.


O gabinete do comandante Jean De La Cour era austero como uma cela de punição — cinza, blindado e cruelmente funcional. Painéis de concreto e aço formavam as paredes. Um monitor transmitia em tempo real o tiroteio orquestrado por Tanaka nas ruas abaixo. O vídeo tremia com as rajadas de fuzis automáticos e os gritos dos rádios.

De La Cour, vestido em um traje tático impecável, bradava ordens furiosas ao telefone, enquanto seus olhos de predador vasculhavam as imagens.


“Incompetentes! Eles estão aqui!” — rugiu ele, largando o fone e puxando o coldre com fúria. Um FAMAS descansava ao lado de sua mesa, agora já em suas mãos. O comandante estava pronto para morrer — ou matar.


Mas Shiro já atravessava a sala como um raio contido, agarrando uma poltrona de couro pesada, usada como escudo improvisado contra os disparos furiosos dos dois agentes da GIGN que guardavam o gabinete.

Do lado de fora, McGyver e Peeters se moviam com precisão tática. Peeters manteve fogo de cobertura no corredor, trocando rajadas com os soldados franceses, enquanto McGyver, com sua calma letal, desarmava um dos guardas em silêncio e o deixava inconsciente no chão frio do corredor.

Uma bomba de fumaça estalou dentro do gabinete com um chiado agudo e logo tudo foi engolido em névoa cinza. Os agentes dentro da sala cambalearam, desorientados, enquanto tentavam flanquear algo que já não viam. Mas De La Cour, astuto como sempre, conhecia bem os truques dos fantasmas e gritou pela fumaça a posição aproximada de Shiro.

No corredor, reforços surgiram. Mais botas, mais fuzis. Peeters foi alvejado — um disparo certeiro o derrubou como uma marionete com os fios cortados. Ele tombou contra a porta, sem conseguir entrar. O sangue manchou a madeira.

Mesmo ferido, Peeters não cedeu. Cambaleou, rastejou... até o globo antigo no canto do gabinete, onde um dos GIGN tentava se esconder. Com um rosnado contido, Peeters levantou seu fuzil e o derrubou com uma única coronhada brutal.

Dentro do gabinete, o caos se condensava em algo quase coreografado. Shiro emergiu da fumaça como um espectro, atacando De La Cour com fúria contida. O comandante bloqueou o golpe por pouco — mas já sentia o cerco se fechar.

Foi então que McGyver saltou sobre a mesa de vidro, lançando-se como um leopardo, agarrando De La Cour pelo coldre. Os dois caíram em um rolar de socos, cotoveladas e tentativas desesperadas de controle. Mas De La Cour era uma serpente: escorregadio, preciso e cruel. Escapou da pegada de McGyver, levantando-se com os olhos inflamados de raiva.

Os soldados da GIGN partiram para o corpo a corpo, abandonando os tiros, cientes da curta distância. Punhos colidiram com costelas. Chutes ricochetearam contra paredes.

Mas os investigadores estavam ali por um motivo.

Shiro acertou um soco brutal no maxilar de De La Cour, empurrando-o direto para os braços de McGyver. O americano girou o quadril, travou o movimento e cravou uma joelhada seca no esterno do comandante, que caiu com um baque surdo contra o piso.

Tudo silenciou. Por um momento, até a fumaça pareceu parar no ar.

Mas o tempo se esgotara.

Rodeados. Sem saída.

Os soldados da GIGN invadiram o gabinete com armas erguidas, e os três agentes — Shiro, McGyver e Peeters, ensanguentado mas em pé — ergueram as mãos. O momento heróico se desfez em algemas frias e ordens bruscas.

A cela do quartel os esperava.

Mas o verdadeiro inimigo ainda estava solto.

E o relógio não parava de correr.

Quartel da Gendarmerie Rosny-sous-Bois – Cela 03
20:00h

A cela era simples — fria, úmida e sem personalidade. O tipo de lugar que não pedia nada, nem mesmo esperança. Lá dentro, o tempo escorria como sangue coagulado, lento e espesso. Shiro mantinha-se de olhos fechados, controlando a respiração. Peeters pressionava o ferimento na lateral do abdômen, dentes cerrados. McGyver brincava com um botão solto da camisa, mas seus olhos não saíam da porta. Eles esperaram por quase uma hora. Longa demais para quem tem um mundo por salvar.

Então, ele apareceu.

Jean De La Cour, comandante da GIGN, atravessou a porta com passos duros. O rosto carregava hematomas recentes — um lado da mandíbula inchado, um pequeno corte acima da sobrancelha direita. Mas o orgulho... o orgulho parecia ter levado a pior pancada. E ainda sangrava por dentro.

Ele dispensou os guardas com um gesto curto. Entrou sozinho. A cela se fechou atrás dele com um ruído pesado, seco como uma sentença de morte.

Silêncio.

Então, De La Cour esfregou as têmporas. Um suor frio percorria suas têneis, apesar da noite amena. Seu olhar, por um instante, perdeu o foco... como se ainda houvesse algo de estrangeiro dentro de sua mente. Algo que não era dele.

Jean de La Cour

Mas logo voltou. Com uma sombra nos olhos que os soldados reconhecem — a de quem viu o próprio reflexo ser usado como arma.

Enquanto ele... estava dentro da minha cabeça... — começou, a voz arranhada e amarga — o maldito se gabava. Disse que precisava "resolver umas pendências pela cidade", o que quer que isso signifique. E depois... falou que sairia de Paris "como um rei". De primeira classe pelo Charles de Gaulle. Ou num transatlântico do Porto de Calais.

Ele caminhou lentamente até a grade, se apoiando com um leve gemido. O olhar encontrou o de McGyver. Sério. Indefinido.

Mas por que diabos ele me diria isso? Foi... teatral. Quase como se ele quisesse que eu me lembrasse. Arrogância? Ou parte do truque? — o olhar vacilou por um segundo, e então voltou mais frio — Talvez quisesse nos fazer perder tempo. Talvez quisesse nos dividir. Mas não consigo imaginar outro caminho, exceto os que ele ofereceu. A não ser que vocês tenham...

Ele parou.

...um ás na manga. E se tiverem — agora é a hora. Porque, se não tiverem, ele já se foi. E o que nos resta é só o rastro no asfalto.

De La Cour deu um passo atrás. A voz baixou, mais humana do que nunca.

Sou um soldado. Combato o que entendo. Mas esse homem... Tatsuke... ele é um enigma. E envenenou tudo — minha mente, meu comando, minha cidade. — Ele fechou os olhos por um instante. Quando os abriu, havia verdade neles. E peso.

Vocês, quem quer que realmente sejam... parecem preparados para ele. E por isso, desejo algo que raramente ofereço. Boa sorte. Porque se esse lunático espalhar drogas por Paris, pela França... pelo mundo? — Ele engoliu seco. — Não consigo viver comigo mesmo.

Silêncio.

Ele estendeu a mão, não para apertar, mas para devolver os pertences deles — documentos falsos, armas, rádios e as chaves da cela. Com um gesto quase reverente, ativou o botão de liberação.

Os mandados contra Tanaka e seu grupo foram suspensos. Mas cuidado: seus inimigos na INTERPOL francesa ou na DSGE podem reativá-los a qualquer momento. A guerra não acabou. Só virou de lado.

Antes de sair, ele se deteve uma última vez.

E há outra coisa. Um dos detentos que fugiu de La Santé. Antonin Pareno. Ex-comandante, agora terrorista. Perigoso demais para andar solto. Meus informantes dizem que ele tenta fugir para o Marrocos. Tenho gente no rastro, mas preciso de vocês. A oferta fica de pé... até a meia-noite.

Ele os olhou com sinceridade dura. Um comandante que perdeu o controle — mas recuperou o juízo.

Aceitem uma escolta da GIGN. Levo vocês para onde quiserem, sem interferências. Pelo menos, por agora.

Quando Jean De La Cour deixou a cela, havia mais do que respeito no ar — havia um pacto tácito. De homens e mulheres que já estiveram à beira, e que escolheram o lado certo da queda.

Pouco depois, os três se reencontraram com Tanaka e sua equipe — aliviados, mas marcados. Ninguém havia caído. Mas todos carregavam algo que não estava lá antes.

O relógio marcava 20h00.

Metade do tempo se fora.

E o verdadeiro jogo acabava de começar.

20:00 - Restaurant cuisine Maison – Os três Espiões.


Como prometido, De La Cour mandou um destacamento da GIGN para escoltá-los para o próximo local, mas onde eles iriam?

De La Cour avisou que o próprio Tatsuke o disse que saíria em um transatlântico pelo porto de Calais, ou na primeira classe em um voo no aeroporto Charles De Gaulle. Mas não eram boas opções dados que foram entregues pelo próprio Tatsuke, as chances de serem uma armadilha eram enormes.

Haviam outras duas opções, os espiões Tomas Toussant, Eliza Benchetrit e Hugo Merlot da inteligência Francesa clamam querer ajudar, em nome da “boa luta” de Amélie Boucher.

A segunda é o misterioso contato de Boucher, Charles Mercier, mas Louve deixou claro que ele deveria ser usado apenas em emergências, pois, se exposto, ele poderia correr risco de vida e pode ser que nem queira cooperar.

Não querendo prejudicar a colega e não querendo cair em uma óbvia armadilha, Tanaka decidiu ir até a reunião do trio de espiões, mas não sem antes consultar Mamoru e Boucher.

- Saru (o codinome de Mamoru), aqui é Banken (codinome de Tanaka).

- Saru na escuta, que manda, chefe!

- Preciso de informações sobre as seguintes pessoas – Agente da DSGE Eliza Benchetrit, agente da DSGE Tomas Toussant, agente da DSGE Hugo Merlot.

Mamoru não hesitou.

- Demorô, irmão! Já tá na mão! Eliza Benchetrit, nascida em 14 de Fevereiro de 1946, 18 anos de serviço secreto, mas com 7 anos servidos no Exército, fazendo 25 anos de serviço militar, sempre preferiu serviço de campo, a bicha é perigosa!

Tomas Toussant, nascido em 03 de Abril de 1956 entrou na Gendermarie aos 18, aos 20 estava como oficial da GIGN e aos 22 entrou na inteligência Francesa, também um homem de ação com muita experiência no bolso.

Já Hugo Merlot, ou melhor – Tenente Hugo Merlot tem 27 anos, formado como tenente na Academia Militar de Paris e com dois anos trabalhando na DSGE, apesar de novo ele é um monstro de forte, faz supino de recorde militar de 180kg, hoje deve estar levantando bem mais!

Imediatamente a voz de Boucher preenche o radio de forma urgente.

- Banken, aqui é Louve (codinome de Amélie Boucher...

- Iria exatamente lhe chamar, Louve.

- Oui, desses três, trabalhei com Eliza e Tomás por cinco anos e lhes digo uma coisa – eles estão há muito tempo imersos em um ambiente que transforma pessoas em monstros, eles podem até acreditar que lutam pelo “bem” ou pelo “certo”, mas, para eles, é tudo um jogo, tudo que eles querem é “vencer” dos três reis, eles não se importam realmente para o que é certo e suas mãos devem estar encharcadas de sangue inocente.... É possível inclusive que seja uma armadilha, uma forma de capturar sua equipe antes de Leclerc para “vencer” dele, estejam avisados.

- Entendido, eles disseram o local da reunião – “Restaurant cuisine maison - Cuisine arabe et française”, que pode nos dizer?

- Hmm, isso é bom sinal, o dono deste restaurante e meu contato, Monsenhor Mansur, coração no lugar certo, o fato dele confiar nos três é bom sinal, mas não baixem a guarda! Eles já traíram aliados por menos! Estou neste momento desenhando um mapa do restaurante, aguardem....

Boucher envia um fax com um desenho em guardanapo da planta do restaurante, em seguida explica:

- A commune Gote D’Or é bem discreta, de maioria muçulmana, reparem que há duas saídas, a da frente e fundos. A dos fundos é só usada pela equipe do restaurante e da lavanderia “Blanchisserie San Gennaro” – As roupas são penduradas no teto para secar e a sombra delas conserva as verduras do restaurante frescas. – Se houver qualquer outra pessoa que não desses dois estabelecimentos, mesmo que sejam civis, é armadilha, podem sair. Poste duas pessoas com veículos independentes de fuga rápida na frente e o restante com um furgão atrás. Entre você e apenas mais dois e exijam a mesa dos fundos. Reconheçam as redondezas antes de entrar, suspeitem de qualquer sedan Citroën do ano ou de até dois anos na área.

Com isso, os investigadores se dirigiram até o local de encontro, sendo escoltados pela GIGN, o que dissuadiu qualquer tentativa de emboscada.

Ao chegarem no local, Tanaka destacou Shiro para verificar os fundos do restaurante e Laura Faith para checar a frente.

Shiro verificou que tudo que Boucher disse sobre os fundos estava correto, com exceção de um exaustor, provavelmente fruto de um novo refrigerador do restaurante, lá ele presenciou uma lavandeira da lavanderia combinando um cinema com um cozinheiro do restaurante, e o cozinheiro reclamava de “Três clientes que não pediram nada ainda.” Só podia ser os três espiões.  Ao voltar para Tanaka, Shiro descobriu que Laura e Ohm também não haviam pegado nada de suspeito, apenas um senhorzinho bêbado e um sedã Citröen, porém o mesmo que os Eliza, Hugo e Tomas foram vistos dentro mais cedo.

Tanaka resolveu tomar o risco e escalou MacGyver e Shiro para entrar com ele, dividindo o restante como instruído por Boucher.


Dentro do Restaurante Cuisine Maison
, a tensão ainda os envolvia, mas logo a atmosfera começou a mudar. A decoração era simples, mas de bom gosto, uma mistura harmoniosa entre o requinte parisiense e o calor da cultura marroquina. O local tinha um charme discreto, como se fosse um refúgio secreto, escondido dos olhos curiosos.

Ao fundo, um senhor os observou por um momento antes de se aproximar. Ele gesticulou para o mais jovem dos garçons que, prontamente, correu para recebê-los.

“Bem-vindos ao Cuisine Maison, por favor, sigam-me até a mesa.” O garoto disse com simpatia.

Ao seguir pelo salão, os olhos de Tanaka, Shiro e MacGyver logo se fixaram na mesa indicada por Boucher. Os três espiões já estavam lá, esperando — um bom sinal. O lugar estava tranquilo demais, como se tudo estivesse sob controle.

“Estamos com aqueles três.” Shiro disse, seu sotaque leve escapando na frase. O garçom olhou para ele, os olhos arregalados por um segundo, como se tivesse acabado de perceber algo importante.

“Então... era vocês que eles estavam esperando! Por favor, sigam-me.” O garçom disse, com um tom mais formal, mas ainda amigável.

O caminho parecia mais leve agora. Quando chegaram à mesa, o ambiente não estava mais tenso, embora o peso da situação ainda estivesse no ar. Tomas, ao vê-los, levantou-se com um sorriso fácil, convidando-os a se sentar.

“Finalmente! Estávamos quase morrendo de fome!” Hugo, sempre com um humor expansivo, disse, fazendo todos rirem um pouco. Ele parecia genuinamente aliviado por algo tão simples quanto uma refeição.

“Você come demais, garoto!” Eliza comentou, sua voz levemente divertida. “O que você vai querer?”

“Tudo o que vocês pedirem, em dobro.” Hugo respondeu prontamente, o que causou mais risadas.

Eliza fez uma pausa, olhando para o cardápio.

“Bem, vou querer salada e couscous, acho que Tomas vai querer o kebab de sempre.” Ela disse, quebrando o gelo com sua leveza.

“Kebab, batatas e repolho.” Tomas corrigiu, com um tom seco, mas ainda amigável.

Então, Shiro, com um olhar curioso, fez uma pergunta inesperada:

“Será que posso cozinhar aqui?”



Eliza, Hugo e Tomas o olharam por um momento, como se ele tivesse acabado de dizer que veio de Marte.

“O garoto cozinha muito bem.” Tanaka interveio, rindo levemente para suavizar o momento.

“Tanaka foi bem modesto na afirmação.” MacGyver completou, com um sorriso divertido.

Eliza sorriu, curiosa.

“Bem, acho que o lugar vai precisar de algo mais do que kebab.” Ela disse, ainda sorrindo e mandando o jovem garçom chamar o Monsenhor Mansur, como se tudo fosse parte do espetáculo.

A tensão que antes parecia dominar a sala agora se dissipava lentamente, como se cada palavra fosse uma chave, desbloqueando o que parecia ser uma conversa tranquila. O jogo, por ora, estava em pausa.

Quando Monsenhor Mansur entrou na sala, seu olhar cruzou rapidamente com Eliza, que o recebeu com um sorriso amável, mas com a cautela que sempre marcava suas interações.

“Monsenhor Mansur, este garoto sabe cozinhar. Seria possível ele usar sua cozinha?” – Eliza falou com suavidade, mas também com uma pontada de informalidade, como quem pede um favor pequeno e simples.

O olhar de Mansur se fixou em Shiro, estudando-o por um momento, antes de esboçar um sorriso caloroso, como se a ideia o divertisse.

“Se Madame Benchetrit quiser, pode ser feito!” – respondeu ele com uma risada abafada, como se já conhecesse o temperamento da espiã e soubesse que, uma vez que a decisão fosse tomada, ela seria definitiva.

Eliza, suavizando a voz, fez um aceno para o garçom.

“Bom, então pode dispensar seu rapaz e ir para casa.”

Houve uma pausa de dois segundos antes que Mansur respondesse, seu semblante mantendo uma compostura simpática, mas com um toque de respeito.

“Como quiser, Madame! Meu restaurante é de vocês pelo resto da noite. A chave está onde sempre coloco, tenha a bondade de deixar tudo em ordem e fechar quando terminarem, sim?”

Eliza, com um sorriso sincero, respondeu suavemente.

“Claro, Monsenhor, não faria diferente.”

Mansur fez uma mesura elegante antes de se retirar, deixando o restaurante sob o comando dos agentes e espiões.

Enquanto isso, Tomas suspirou, esticando-se e olhando para todos à mesa.

“Parece que nossa reunião será na cozinha.” – disse ele, soltando um sorriso cansado, mas ainda com aquele tom leve que sempre exibia nas situações mais tensas.

Hugo, visivelmente faminto, não podia esconder o quanto a fome estava tomando conta dele. Seus olhos estavam fixos no cardápio com a intensidade de alguém que já estava vendo aquele menu como um prato da última ceia.

“Meu cérebro está esfumaçando... preciso de calorias antes de virar um vegetal.” – Hugo disse, com um tom ruborizado e esfregando o estômago roncando de fome.

MacGyver, que já passara por sua própria luta com a fome, não perdeu a chance de brincar.

“Eu já estava começando a acreditar que minha fome era a razão de eu estar aqui e não a missão.” – ele fez uma pausa e olhou para Tanaka com uma risada de canto. “Vamos pedir a comida antes de perdermos a paciência... e o raciocínio.”

Tanaka, observando a fome voraz de seus companheiros, considerou a situação com seriedade, mas sem deixar de ser pragmático.

“Os rapazes lá fora também devem estar com fome. Mas, sim, vamos comer, antes que todos nos digam que estamos 'devorando' a missão também.” – ele declarou sensivelmente, lançando um olhar de entendimento aos três espiões.

Para Eliza, Tomas e Hugo, sua fala casual foi um aviso claro:

“Ainda não confiamos em vocês, não viemos sozinhos. Há mais gente da Stargazer lá fora. “

Tomas, entendendo a mensagem de Tanaka, riu baixo, mas ainda mantendo um tom de leveza.

“Eliza tem um apetite de passarinho... exceto quando se trata de comida árabe!”

Eliza, com a agilidade de sempre, lançou um olhar afiado para Tomas, antes de dar-lhe um beliscão firme no ombro. O gesto fez Tomas se contorcer, soltando uma careta genuína de dor.

“Você tem uma língua afiada, Tomas. Isso deve ser o que a falta de carboidratos faz com a gente!” – Eliza riu, mas seus olhos estavam atentos, sempre vigilantes, ainda que o clima estivesse mais relaxado agora. A tensão começava a ceder, mas todos sabiam que ela ainda estava ali, apenas disfarçada de uma brincadeira leve.

Com o ambiente mais descontraído, Shiro se dirigiu à cozinha, onde mostrou sua habilidade com os utensílios. Seu jeito parecia o de um chef veterano, e, de fato, ele era mais do que capaz. Mas logo, as piadas começaram a escapar.


“Esse prato vai ficar de kebabar, entenderam? Kebab... Babar... hehehe.”

Tomas deu uma risadinha nervosa, tentando decifrar a piada sem sucesso. Shiro desconversou:

“Juro que é mais engraçado em Japonês”

Tanaka negou balançando a cabeça.

MacGyver bufou, uma expressão de resignação tomando conta dele.

“Se isso for um ‘soco de piada’, estamos todos no chão.”MacGyver disse, com um sorriso meio cansado, enquanto pegava os utensílios para ajudar.

Tanaka, com os braços cruzados, observava o movimento da cozinha, mas não conseguia esconder o sorriso discreto no rosto.

“O garoto cozinha bem... mas as piadas, bem... isso é uma batalha à parte.” – Tanaka comentou, com um tom brincalhão, mas ainda cauteloso, como se estivesse preparado para qualquer coisa que acontecesse ali.

Eliza, mais relaxada, observou o movimento de Shiro com um olhar curioso e divertido.

“Isso me parece interessante. Se as piadas não matarem, a comida vai fazer o trabalho.”

Shiro, agora mais concentrado e menos preocupado com suas piadas, continuava a cozinhar com a paixão e a habilidade que o definem, imerso no trabalho. A tensão que antes pairava sobre todos começava a desaparecer, e o grupo se via mais unido do que nunca, ainda que a missão estivesse longe de ser concluída.

As risadas, os trocadilhos de Shiro e os comentários rápidos davam um alívio necessário, uma pausa momentânea na pressão. No fim das contas, o vínculo entre os membros da Stargazer e seus aliados parecia mais forte do que qualquer desafio à frente.

No meio da cozinha, entre risos e movimentações apressadas, o tempo passava rápido, e a missão seguia seu curso — mas agora, pelo menos, com um toque de humanidade, tão necessário quanto a comida que logo seria servida.

Restaurant Cuisine Maison – O Coração da Confissão

Enquanto os pratos eram consumidos com calma, a tensão da missão foi gradualmente substituída pela necessidade de encarar uma verdade inegável. Tomas pousou os talheres com cuidado, limpando os lábios com o guardanapo antes de falar, sua voz séria, mas marcada por uma certa fatiga.

— “Vocês trabalham com Méli, então devem entender o impacto transformador que ela foi, certo? Posso falar por Benchetrit também. Ela abriu o caminho que tentamos seguir, mas sem ela... as coisas têm ficado cada vez mais difíceis.”

Merlot e Benchetrit assentiram silenciosamente, suas expressões refletindo o peso das palavras de Tomas. A tensão na mesa aumentou.

— “Estamos cansados... fartos de sujarmos nossas mãos fazendo o trabalho sujo de Leclerc. Tentamos enfrentá-lo, mas a verdade é que...” — Eliza hesitou, o olhar distante por um momento. — “...não temos a sagacidade que Boucher tinha. Ela tinha o talento de navegar por esses jogos, de enfrentar o próprio Leclerc e ao mesmo tempo corromper seu poder. Não estou dizendo que somos incompetentes, mas Leclerc ficou ainda mais diabólico. Boucher... ela construiu uma rede inteira de aliados e truques para frustrá-lo. Nós não tivemos essa visão, não tivemos essa capacidade.”

Eliza mordeu o lábio inferior, o desconforto evidente em seu rosto, como se admitir a visão da sua antiga colega fosse algo quase doloroso demais.

— “Para continuar nossa luta, manter o legado de Méli vivo, temos que vender uma parte de nossas almas. Estamos nos afundando cada vez mais em missões que... que não podemos mais justificar. Mas é o preço para continuar na luta. Sujamos nossas mãos com coisas ainda mais sujas, e isso está nos consumindo.” – Tomas completou, seus olhos caindo para suas mãos, como se esperasse ver as manchas de sangue.

Merlot, com um tom amargo, se adiantou:

— “Estou há apenas dois anos nisso. Leclerc me pediu para expulsar uma refugiada somali do país, uma mulher grávida, só porque um senhor de guerra de lá pagou por ela. Recusei. Não ia obrigar uma mulher grávida a morrer por causa disso. Mas ele ameaçou minha família... Quem diabos ameaça a família do próprio colega de trabalho? Que tipo de monstro é esse?”

O silêncio se arrastou pela mesa. Tanaka cerrou os olhos, observando os três espiões à sua frente. Havia uma sinceridade palpável, mas, ao mesmo tempo, algo muito teatral nisso tudo. O peso emocional parecia pesado demais, mais uma tentativa de fazer o interlocutor sentir empatia.

Shiro, sempre o mais irreverente, tentou aliviar o clima com um trocadilho infame, mas sua piada soou forçada, quase deslocada no meio da gravidade da situação:

— “Ameaçar a família de um colega é ruim, mas ameaçar qualquer outra fam...”

Felizmente, MacGyver foi rápido em interrompê-lo, colocando a mão sobre o ombro de Shiro. Ele já tinha visto crueldade sem motivo, e sabia que aquilo não era apenas mais uma peça de teatro.

— “Sinto muito por isso, mas, correndo o risco de parecer insensível, o que isso tem a ver com a captura de Tatsuke?”

Eliza balançou a cabeça, sem tomar como algo pessoal, e então, com um olhar determinado, falou:


— “Desde que ele fugiu, temos tentado rastrear Tatsuke. Com nossos informantes, já descartamos qualquer via terrestre ou marítima. Só nos resta a aérea. Mas Leclerc está tão interessado em pegar vocês quanto em pegar Tatsuke. Ele tem um aliado dentro da INTERPOL. M. Henri Olrik. Ex-Coronel da Legião Estrangeira, já serviu como Diretor da SDECE, até as reformas de Mitterrand, e agora é superintendente da INTERPOL. Ele parece querer o fim de tudo o que vocês representam, e colocou Leclerc em sua cola.”

MacGyver ergue uma sobrancelha, surpreso, e comentou:

— “Isso é novidade.”

Eliza concordou com a cabeça e continuou.

— “Vamos enviar o que temos sobre Olrik para vocês.”

Tomas rapidamente interrompeu, como se tivesse mais algo a dizer.

— “O contato de Leclerc no aeroporto está sendo... relutante. Uma pena, pois ele tem informações sobre todos os voos saindo da cidade. Isso é um sinal claro de que ele está protegendo Tatsuke.”

O clima ficou mais pesado, e Eliza prosseguiu com uma frieza controlada:

— “Nosso plano é fazer uma interceptação. Vamos aliviar a segurança no aeroporto de Charles de Gaulle e confrontar o contato de Leclerc lá – o Chefe de Segurança, René-Luc ‘Le Falcon’ Logan. Se Tatsuke estiver lá, o pegamos. Se não, pelo menos saberemos onde ele está.”

Tanaka franziu o cenho, pensativo.

— “Parece arriscado.”

Shiro foi direto:

— “Não seria melhor usarmos o contato de Boucher?”

Tomas riu, com um toque de saudade.

— “A menos que o contato que Méli tenha na manga seja ninguém menos que Jacques Mercier, nossa melhor opção ainda é Le Falcon...”

O ambiente ficou tenso, e todos perceberam a mudança sutil no ar. Tanaka olhou para os três e soltou uma frase curta, porém definitiva.

— “O nome do contato é Jacques Mercier.”

Tomas olhou para ele, os olhos fixos com uma sinceridade inquietante.

— “Então vocês estão perdendo tempo. Contatem-no o quanto antes.”

Hugo, mais impaciente do que o habitual, se intrometeu:

— “Esse é o suíço que falamos mais cedo? Se for, eles precisam de transporte aéreo imediato!”

Tomas assentiu, olhando para Tanaka com um sorriso cansado.

— “Eu conheço um cara que...”

Mas Tanaka interrompeu rapidamente, de forma decidida:

— “Não precisa, já temos um avião pronto para voo.”

Tomas riu nervosamente, mas com um toque de alívio.

— “Então acho que só tomamos o tempo de vocês.”

Tanaka sorriu com uma leveza, mas ainda mantendo o foco.

— “Não, essa descoberta sobre Olrik é preciosa, e vocês claramente querem nos ajudar... Mas por quê?”

Tomas deu de ombros, olhando diretamente para Tanaka com um olhar direto, como quem já sabe que não será mais questionado.

— “Não precisa acreditar em nós. Nós mesmos não aconselhávamos essa ajuda. Não sabemos quando Leclerc vai farejar nossa conspiração e fazer alguma ameaça contra nós. Mas ajudamos pelo motivo que já explicamos. Os Três Reis precisam ser parados.”

MacGyver levantou a sobrancelha, curioso.

— “Três Reis?”

Merlot olhou para ele com um olhar amargurado, mas explicativo.

— “Dominique Leclerc, Lyonel Moreau e Étienne Blanchard. Os três Reis, os líderes da quadrilha que se tornou nossa célula.”

Foi então que Shiro teve uma ideia que trouxe uma nova luz à situação.

— “Vocês ainda podem nos ajudar muito! Há muitos fugitivos importantes que queremos capturar além de Tatsuke. Antonin Pareno, Ikigawa Iori, Takeyo Takeo... vocês poderiam pegá-los, o que acham, Tanaka?”

Tanaka assentiu, confirmando a proposta com um movimento de cabeça.

— “Exato. Querem se provar confiáveis? Falem com o comandante De La Cour da GIGN e ajudem-no a capturar esses homens. Questionem-nos sobre tudo que souberem sobre o Exército da Vingança, Star Corp e a droga Stardust. Mandem o que descobrirem para nós por um canal comum com Boucher.”

Tomas e Hugo trocaram olhares rápidos, antes de assentirem com firmeza.

“Só isso? Vai ser fácil.” – Tomas brincou, mas a tensão ainda era visível no ar.

Eliza então surpreendeu a todos, tirando algo de sua bolsa e segurando-o com firmeza. Ela agarrou a mão de Tanaka, depositando algo nela. Tanaka, desconcertado, olhou para o objeto – uma antiga moeda de 10 francos, amassada, mas ainda com grande valor simbólico.

— “E... por favor, entregue isso a Boucher.” – ela disse com uma risada nostálgica. “Diga a ela que nunca a esqueci. Digo isso para que ela saiba que precisamos dela. Não vamos vencer Leclerc sem ela.”

Tanaka, agora com um toque de reverência, guardou a moeda com cuidado em sua carteira, o gesto não perdido por nenhum deles.

“Assim será.” – respondeu ele com firmeza.

Shiro, brincando, tentou aliviar o peso do momento.

— “Ah, um chama de 'Méli', a outra 'nunca a esqueceu', nossa Louve realmente é uma arrasa corações!”

Hugo, porém, cortou a conversa com um sorriso nervoso.

— “Que bom, porque vocês têm um avião para pegar, e a gente tem que escoltar vocês!”

Tanaka, agora mais centrado, levantou-se, a missão e os próximos passos começando a tomar forma.

Faltavam quatro horas, e o destino de todos estava prestes a ser decidido.

21:00 às 23:00 – Alpes Suíços

Benchetrit, Toussant e Merlot se voluntariaram a escoltar a equipe até o trevo da Rosny, onde se separariam. A viagem para o aeroporto estava em andamento, e Tanaka já havia dado instruções claras para sua equipe. Eles permaneceriam em Paris, monitorando as pendências: os três políticos, Archembeau, a segurança dos contatos de Boucher e Lacroix, e as movimentações dos espiões. No entanto, nada de se envolver diretamente em riscos.

Tanaka levaria consigo apenas MacGyver, Shiro, Marie Ichikawa e Liaam Peeters. Como um presente de despedida, Tomas entregou as coordenadas de um aeródromo em Zurique, pertencente a um contato seu, onde poderiam pousar e decolar com segurança e discrição.

Durante a viagem, Tanaka entrou em contato com Mamoru e Boucher.

—"Louve, na escuta?" — A voz de Boucher soou clara e precisa no rádio.

—"Louve, na escuta. Como posso ajudar, Baiken?" — A resposta de Boucher foi pronta e atenta.

—"Louve, decidimos usar o seu contato. A situação é urgente e delicada. É certo que Tatsuke usará vias aéreas para sair de Paris, e ele ainda não o fez. Pelo que aprendemos, seu contato tem como descobrir todos os voos legais e ilegais da França. Isso é imprescindível para a missão. Mas você havia dito que devíamos usá-lo com cautela, como devemos proceder?"Tanaka perguntou com um tom sóbrio, consciente da delicadeza da operação.

Boucher ficou em silêncio por alguns segundos antes de responder, a tensão palpável.

—"Primeiro, vocês não devem causar nenhuma ameaça a ele. Vão desarmados e cooperem com a segurança como for solicitado, mas não deem meia volta. Exijam falar com o chefe de segurança – Monsenhor Jean-Martin Canaveri. Esse conhecimento vai garantir que Canaveri venha até vocês."

Uma pausa.

—"Segundo, ao falarem com Canaveri, exijam uma audiência com Monsenhor Mercier. Diga que é urgente e que vieram sob a orientação de Lupa. Peçam a Canaveri que entregue a ele a seguinte mensagem: 'Lupa mandou lhe lembrar que Rembrandt está de olho no senhor.' Identifiquem-se e sejam honestos, ele provavelmente checará suas identidades com seus contatos. Quem vai com vocês? Liaam? Marie? Melhor que um deles vá. O mais importante é: não falem com ninguém até chegarem à mansão de Mercier. Evitem qualquer contato até lá."

Shiro, sempre irreverente, não resistiu a uma piada sem graça:

—"Se é para não falar com ninguém, como vamos falar com os seguranças se os encontrarmos fora da mansão?"



A resposta imediata veio de Mamoru, rindo:

—"Filho da puta."

Boucher, sem perder a linha, respondeu com uma risada seca:

—"Shiro, você está me perguntando para ensinar a abrir e fechar a boca? Isso é hora de piadinha infantil? Continue assim e eu te enfio numa fralda!"

A tensão diminuiu por um instante, e Shiro riu nervosamente.

—"Relaxa, Louve, o moleque só está brincando, ele só parece mané, mas não é não."Mamoru comentou, ainda rindo.

Boucher relaxou um pouco e, com um tom mais leve, respondeu:

—"É bom mesmo, porque tenho a cura para manés... um tapa bem dado na cara!" — Ela falou com um toque de diversão na voz, antes de voltar à seriedade. — "Precisam de algo mais?"

Tanaka, agora mais sério, perguntou:

—"Sim. E se ele não for cooperativo?"

Boucher fez uma pausa pensativa antes de responder:

—"A casa dele é uma fortaleza, mas se ao menos um de vocês conseguir chegar até o jardim com o rádio, Mamoru pode capturar a frequência dele e eu tentarei falar pessoalmente. Caso contrário..." — Ela fez uma pausa, com um tom mais duro — "...forcem-no. Não podem sair de mãos vazias."

Tanaka assentiu com firmeza.

—"Entendido. Baiken, desligando."

Shiro, ainda com a curiosidade em alta, não conseguiu se conter:

—"Será que podemos saber como é a mansão?"

Boucher respondeu após um breve momento de silêncio.

—"Hmm... eu mesma não sei exatamente tudo, mas posso fazer um desenho com as entradas e saídas que conheço, além dos pontos fracos."

O som de uma máquina de fax cortou o silêncio, e em poucos minutos, Boucher enviou um esboço simples, mas eficiente da mansão e arredores.

—"Perdão pela grosseria do esboço, mas tudo o que importa está aí. As entradas principais, as traseiras e o teleférico que dá acesso à cidade. Os pontos cegos da segurança estão marcados em vermelho, com a metragem aproximada em relação à entrada principal. Também indiquei os locais onde Mercier pode estar: sua sala de estar, seu gabinete, a pinacoteca... ou, se ele estiver se escondendo, na sala de pânico. Mas acredito que não o pressionarão até esse ponto."

MacGyver interrompeu a tensão com uma pergunta inesperada.

—"Só para constar, Rembrandt... estamos falando do pintor certo?"

Boucher respondeu de forma direta e seca.

—"Correto. Mercier tem 'A Ronda Noturna' no seu quarto."

MacGyver, tentando racionalizar a situação, levantou uma preocupação lógica.

—"Espera, uma cópia, certo? O original está em Amsterdã. O quadro é enorme."

Boucher, com um tom firme e sem rodeios, esclareceu:

"É o original. A cópia está no Rijksmuseum, uma história longa, me lembrem de contá-la quando comemorarmos a chegada de vocês. Sim, o quarto dele é enorme".

A conversa seguiu por mais alguns detalhes, e Boucher forneceu todas as dicas necessárias sobre transporte e como chegar até a mansão.

A Ronda Noturna

Finalmente chegaram no aeródromo Yves de Laurant, onde Marie e Gaston estavam de prontidão. Tanaka se aproximou de Marie com um olhar sério, sinalizando que as coisas estavam prestes a se intensificar.

—“Ichikawa, você substituirá Liaam na Suíça. Suas habilidades serão necessárias lá.”

Marie e Liaam assentiram com compreensão. No entanto, antes que o grupo seguisse para o avião, Gaston se antecipou, com um sorriso de quem sabia que tinha algo a dizer.

—“Vocês falaram sobre meu carro com a Medeína?”Gaston de Laurant evocou, com um tom que sugeria uma dívida antiga que ainda pesava sobre os dois.

Tanaka, franzindo a testa, não hesitou em responder, já sabendo a que história Gaston se referia.

—“Não houve tempo. Se me lembro, ela destruiu um carro seu?”

Gaston soltou um suspiro, como se estivesse revivendo a dor de uma perda pessoal, e então começou a falar com um olhar distante, quase nostálgico.

—“Sim, uma Ferrari 365 GTS/4 de 1973, linda... toda espatifada num barranco. O eixo dianteiro partido parecia uma fratura exposta. Aquilo, Tanaka, era uma obra de arte.”

Tanaka olhou para ele com um semblante impassível, mas não podia deixar de notar o tom do homem, mas carregado de nostalgia e carinho do que de mágoa:

—“Sim, sim, vou me lembrar de falar com ela. Mas precisamos ir, Mangusto.”Tanaka o interrompeu, com uma leve frieza na voz, demonstrando que o tempo era curto e o objetivo da missão deveria ser a prioridade.

Gaston sorriu, inclinando a cabeça de forma sardônica.

—“Boa sorte, então. Espero que tudo corra bem... e que a boa Médée não se esqueça de seu favor.”

Com isso, Tanaka se virou e fez sinal para que o time se preparasse para seguir em frente. Ele dividiu a equipe conforme o planejado.

—“Para a Suíça, levarei apenas Liaam, Marie, Shiro e MacGyver. O restante ficará em Paris para garantir que tudo esteja em ordem quando voltarmos. Precisamos dar a devida compensação à Madame Milanese, nossa aliada que nos deu abrigo. Além disso, é importante garantir que as pontas soltas sejam resolvidas, principalmente com Pacino e os políticos. Também devemos cuidar do bem-estar de todos os nossos aliados e contatos.”

Marie e Liaam foram os primeiros a se dirigir para o cockpit do Dassault Falcon 900, prontos para conduzir o avião em direção à Suíça. O restante do time se acomodou nos assentos, e, com um sinal de confirmação de Tanaka, o jato decolou em direção a Bern, enquanto o peso da missão pairava no ar.

A tensão estava no ar, mas a missão precisava ser cumprida.


Partiram para a cidade de Bern, nos Alpes Suíços. O contato de Toussant funcionou, e a equipe conseguiu estabelecer comunicação com o aeródromo Vintage des Alpes, um local de aviação com uma atmosfera antiquada, remanescente dos anos 40. Apesar do vocabulário desatualizado e da linguagem formal do pessoal do aeródromo, a operação transcorreu de forma discreta e profissional.

O grande Dassault Falcon pousou sem problemas, e a equipe foi recebida com uma cena quase surreal. Ao lado do jato, repousava um bombardeiro Avro Lancaster da Segunda Guerra Mundial, um testemunho silencioso do passado bélico. No pátio, mais dois P-51 Mustangs estavam estacionados ao lado de um Messerschmitt Bf 109, um Morane-Saulnier M.S e até mesmo um Ilyushin Il-2 Sturmovik — aeronaves de outro tempo, mas bem conservadas. Era uma visão rara, onde a história da aviação parecia se congelar no presente.

O pessoal do aeródromo, sem perder a compostura, confirmou sua identidade com uma pergunta simples:

“São da equipe de Todos os Santos?” (referindo-se ao contato de Toussant, cujo nome era reconhecido localmente).

A equipe confirmou, e, em seguida, o aeródromo forneceu a eles um furgão Citroën HY para se deslocarem pela cidade, um veículo clássico que, embora antigo, se mostrou confiável. Liaam, porém, ficou responsável por permanecer no aeródromo, mantendo vigilância no Dassault Falcon.

Citroën HY

Com a vã e as instruções do pessoal local, o grupo seguiu para sua missão nos Alpes. Quando o assunto do pagamento surgiu, Tanaka disse que ficaria na conta de Toussant, depois se virou para os companheiros e, com um sorriso, respondeu com uma leve ironia:

“Vocês não têm ideia do quanto esses agentes de inteligência são bem pagos.”

E assim, com o furgão em mãos, a equipe partiu em direção à estrada que serpenteava pela região montanhosa.

Na concessionária de veículos de neve, recomendada por Boucher, o grupo alugou quatro snowmobiles — um para cada membro da equipe. Eles deixaram o furgão Citroën estacionado, como um calço, e, sob as instruções de Boucher, seguiram para o que parecia ser um caminho isolado e perigoso.

A estrada que levava à mansão de Mercier, incrustada nos Alpes Suíços, era, em sua maior parte, privada, com acesso restrito a partir do quilômetro 2. Boucher havia advertido que a segurança da propriedade seria rigorosa, e que o uso dos veículos de neve seria crucial para se aproximarem sem chamar atenção.

Enquanto subiam a montanha, a neve fina caía sem parar, obscurecendo o ambiente e tornando a viagem ainda mais tensa. A escuridão da noite estava densa, e o vento cortante fazia com que a visibilidade fosse reduzida a poucos metros à frente. No entanto, do alto, os membros da equipe conseguiram avistar faróis de outros veículos à distância, iluminando as trilhas sinuosas da montanha. A princípio, imaginaram que fossem parte da segurança de Mercier, mas logo perceberam que ainda não haviam cruzado a propriedade privada dele.

Tanaka, atento ao movimento, pediu que todos se preparassem para o pior.

“Fiquem alerta. Não sabemos se esses veículos estão ligados à segurança de Mercier ou se há outra operação em andamento. Estamos próximos demais para sermos pegos desprevenidos.”

O som das snowmobiles cortava a quietude da montanha enquanto o grupo avançava, cada um se concentrando em sua trajetória, mas com os sentidos apurados. O ambiente, embora gelado e silencioso, estava carregado de tensão, e todos sabiam que qualquer erro agora poderia ser fatal.


O preparo foi essencial, pois mal haviam se acomodado na montanha, quando os faróis se acenderam à distância, revelando a silhueta de seis snowmobiles pretos, cada um conduzido por homens vestidos com pesadas roupas militares de neve, na cor vermelha. Os capacetes vermelhos e as máscaras de metal, que escondiam suas feições, conferiam-lhes uma aparência assustadora, quase inumana. Suas submetralhadoras estavam já engatilhadas e apontadas para o grupo, enquanto sabres embainhados cintilavam em suas cinturas. No peito das armaduras táticas, a insígnia prateada de uma cabeça de cobra rei brilhava de forma ameaçadora.

Não havia tempo para recuar ou despistá-los — eles já haviam sido detectados. Armados apenas com lâminas leves e suas habilidades de combate, o grupo sabia que precisaria usar tudo o que tinha para sobreviver.

Os primeiros três crimson guards desceram as montanhas disparando, enquanto os três restantes avançavam em seus snowmobiles, prontos para a batalha.

Shiro e Marie decidiram tomar uma rota alternativa, por trás da montanha, enquanto Tanaka e MacGyver seguiam pela frente, desviando-se das rajadas de tiros imprecisos, que ainda eram ineficazes devido à distância e à escuridão. Mas a situação era crítica: eles tinham que reagir rápido.

Shiro, ágil como sempre, não perdeu tempo. Avançando com velocidade, ele foi em direção ao crimson guard mais próximo, desmontando o inimigo com um chute feroz e preciso, derrubando-o de seu snowmobile. Do outro lado, MacGyver, com sua precisão, desarmou um dos guardas, desferindo um golpe rápido e eficiente, enquanto Tanaka se aproximava de outro, derrubando-o com um potente chute e agarrando a arma que MacGyver havia lançado em sua direção.

Marie, observando que Shiro já estava no controle de seu adversário, mostrou suas habilidades excepcionais de pilotagem. Com destreza, ela alcançou rapidamente o centro da ação, distraindo os outros três crimson guards que desciam em velocidade, suas submetralhadoras disparam contra eles. O som dos tiros cortava o ar da montanha, mas a habilidade de Marie em esquivar-se e manobrar com precisão impediu que os disparos a atingissem.

Enquanto isso, Shiro travava um duelo acrobático com o inimigo, saltando e manobrando em torno dele com uma destreza impressionante. Ele enganou o guarda, chutando-o com força e fazendo-o cair de seu veículo. Mas os outros dois guardas não estavam longe. A batalha se intensificou quando os três crimson guards restantes se agruparam, formando um pelotão de fuzilamento. Eles abriram fogo, metralhando Tanaka e MacGyver. A linha de tiros era intensa, e Tanaka se viu forçado a se abaixar atrás de uma linha de árvores, buscando abrigo enquanto dava cobertura aos outros com rajadas curtas, forçando os inimigos a se desviarem e procurarem cobertura.

Isso deu tempo para MacGyver e Marie tomarem a frente, neutralizando dois dos crimson guards com precisão cirúrgica, enquanto Shiro, avançando com velocidade, usava sua acrobacia para desarmar e derrubar o terceiro, aproveitando a distração dos guardas. Mas o combate ainda não havia acabado.

Em um momento de desespero, quando parecia que a batalha estava perdida, um dos crimson guards tentou acabar com os seus próprios caídos, levantando um sabre para desferir o golpe fatal. Mas antes que pudesse concluir, Marie disparou uma saraivada de balas, interrompendo o ataque com precisão letal.

O som das balas ecoou na neve, mas a luta ainda não estava ganha. Tanaka, com ferimentos graves em seu corpo, não desistiu e continuou a dar cobertura aos aliados. O cansaço e a dor estavam pesando, mas eles não poderiam falhar. Finalmente, após uma última onda de resistência, os crimson guards caíram, e o campo de batalha ficou em silêncio, com o som apenas da neve caindo suavemente.

Está bem, Tanaka? – Marie perguntou, com genuína preocupação, seus olhos se fixando no líder, que ainda parecia lutar contra a dor.

Vou ficar, mas precisamos ir. – Ele respondeu, sua voz grave e focada, mas seu semblante estava marcado pela dor silenciosa. – Como faremos para levá-los?


Eles tentaram matar os próprios... – Shiro comentou, ainda aturdido, sua mente ainda processando a brutalidade do confronto.

Marie assentiu, ela também tinha visto o mesmo. Um dos guardas, antes de ser interrompido por sua rápida intervenção, sacou seu sabre com a intenção de cortar a garganta do companheiro caído. O pensamento de que os inimigos pudessem ser tão impiedosos a fez engolir em seco.

Meu Deus! – MacGyver murmurou, a repulsa clara em seu rosto. Ele sabia o que isso significava: não eram apenas soldados; algo mais perverso estava em jogo.

Temos que tratá-los como robôs, não como pessoas. – Shiro disse, sua voz fria, olhando com desprezo para os corpos caídos dos crimson guards. Ele parecia quase desumanizar a situação, o que o fazia mais perturbador.

Não, não vamos nos reduzir a eles. – Tanaka interrompeu, sua voz grave e autoritária. – Eles serão tratados como prisioneiros, segundo a Convenção de Genebra.

Shiro olhou para Tanaka com frieza, mas não desistiu de sua opinião.

Mas eles são programados, não pensam como nós. Digo, devemos pensar como eles, como robôs, para entender a cabeça deles. – Ele falou determinado, como se a única forma de compreender os inimigos fosse se alinhar à mentalidade impiedosa com que haviam sido treinados.

Marie, ainda com sua postura calma e firme, interrompeu com uma fala que carregava uma sensatez prática.

Não são Transformers, Shiro, são soldados, treinados e doutrinados para agir assim. Sabemos como eles pensam, já lidamos com isso antes. – Ela acenou para os demais, buscando concordância. MacGyver a apoiou imediatamente.

Marie está certa, – ele disse, o tom grave. – A maldade deles é humana, e eu já vi essa maldade antes. Tinha até uma alcunha para isso... Doutrina Hânibal. Falo mais sobre isso em outra oportunidade. Agora, precisamos seguir em frente.

MacGyver se voltou para Tanaka, com a prática de sempre.

Chefe, esses snowmobiles que alugamos são feitos para carregar peso, mas os deles são mais leves. Se os deixarmos no ponto morto, podemos puxá-los com as correias que trouxe. Só dar a ordem e eu monto tudo.

Faça. – Tanaka disse, sua voz tensa, escondendo a dor que ele sentia, seu corpo marcado pelos ferimentos. Embora sua veste blindada tivesse absorvido a maior parte do impacto, as balas ainda o haviam atingido como poderosos socos concentrados, e o sangramento interno começava a se fazer sentir, mas ele não disse nada.

Com a ordem dada, o time se preparou. Amarraram os inimigos caídos aos seus próprios snowmobiles e, com esforço, seguiram montanha acima. A cada metro, a neve aumentava, e a visibilidade se tornava mais difícil. O ar rarefeito e o frio cortante pareciam irrecuperáveis, enquanto o formigamento nas mãos de Shiro e Marie ficava cada vez mais intenso. Marie, de constituição mais frágil, já estava tendo dificuldades, seus músculos quase congelados pelo esforço.

Mas, quando chegaram às cercanias da propriedade privada de Mercier, Tanaka e Shiro perceberam algo. Não estavam sozinhos.

A escuridão, até então calma, foi cortada pela luz cegante de faróis de neblina. De repente, o cenário iluminou-se como se um sol de alta tensão tivesse surgido no meio da noite.

Ali, na linha de frente da escuridão, se ergueu um imenso veículo blindado Bandvagn 206, suas luzes potentes iluminando o terreno, enquanto pelo menos uma dúzia de snowmobiles se aproximavam, com homens armados em suas conduções, prontos para a ação.



Eles haviam chegado.

Já estamos na propriedade de Mercier. – Tanaka murmurou, percebendo a gravidade da situação.

E então, a realidade se impôs: os tiros do confronto anterior tinham chamado a atenção. E agora, não havia mais volta. O jogo estava prestes a mudar completamente.

O Bandvagn 206 iluminava a escuridão com uma luz pálida e artificial, como um sol de neblina, enquanto meia dúzia de snowmobiles de cascos negros flanqueavam o veículo de guerra, suas máquinas cortando a neve com precisão. Os homens, vestidos com uniformes pesados de neve, estavam armados até os dentes com fuzis Steyr AUG com mira a laser, suas máscaras táticas refletindo a luz fria da noite.


De repente, uma voz firme, mas cordial, ressoou nos sistemas de som do veículo blindado, falando em três línguas diferentes — Francês, Italiano e Alemão:

"Atenção. Vocês entraram em propriedade privada. Exorto-os a dar meia volta e abandonar qualquer pretensão de invasão. Caso contrário, estamos autorizados a impedi-los de prosseguir utilizando todos os meios necessários à nossa disposição."

O som dos fuzis sendo engatilhados ecoou. A tensão no ar era palpável, o coração de cada um da equipe batendo mais forte enquanto a ameaça se concretizava. Eles estavam prestes a ser confrontados por uma força implacável. Tanaka, sem hesitar, pronunciou o nome de Jean-Martin Canaveri, o chefe de segurança de Mercier, na esperança de abrir uma brecha.

Com um leve suspiro, a ordem para recuar foi subitamente interrompida, Canaveri, o homem que falava pelo alto-falante do veículo, ordenou que eles levantassem as mãos para o alto e Tanaka foi autorizado a subir sozinho para garantir que tudo transcorresse sem violência. Enquanto ele subia, meia dúzia de soldados desciam, fuzis apontados para os três agentes, eles confiscaram os veículos que fixaram no Bandvagn 206 e os prisioneiros foram colocados atrás. Tanaka foi recebido com brutalidade militar, sendo vistoriado meticulosamente pressionado a frente do grande veículo blindado e depois conduzido sem cerimônias para dentro. Finalmente foi a vez dos outros 3, que forma conduzidos e inspecionados com a mesma atenção dada a Tanaka, tudo que poderia ser usado como arma ou recurso foi confiscado, cada um foi conduzido para dentro do Bandvagn com um soldado se sentando ao lado, pistola apontada à queima-roupa. Então, um homem que sentava à frente junto com Tanaka, o motorista e outro soldado se virou a eles. Era Canaveri, um homem de cabelos grisalhos e olhar penetrante, que parecia mais um predador cauteloso do que um simples segurança.


Canaveri
, com um sorriso cansado e uma expressão que misturava cansaço com um toque de ironia, se virou para os prisioneiros e os observou por um longo momento antes de falar.

"Boa noite, senhores e senhorita. Conversei com seu chefe aqui e ele me falou coisas muito interessantes. Então vamos fazer o seguinte: eu farei algumas perguntas e, se suas respostas forem diferentes das dele... ele morre. Parece justo para vocês?" — Sua voz não era exatamente uma pergunta, mas um aviso claro de ação.

Shiro foi o primeiro a responder, começando a falar seu apelido, mas rapidamente pensou melhor e respondeu com seu nome verdadeiro. Marie e MacGyver seguiram o mesmo protocolo, evitando qualquer deslize que pudesse levantar suspeitas. Canaveri fez suas perguntas com uma calma quase perturbadora, começando com os nomes deles, passando para o motivo de estarem ali, e, finalmente, indagando sobre a relação deles com Lupa e os prisioneiros que haviam capturado. Eles não tinham motivo para mentir, e a verdade que Tanaka já havia compartilhado com ele se manteve consistente entre todos.

Satisfeito com as respostas, Canaveri fez um aceno para o rádio, transmitindo a mensagem para os seus 20 homens de que os quatro eram agora hóspedes e ordenou que os conduzisse até a mansão de seu patrão.

Ao chegarem, a mansão de Mercier se ergueu diante deles, um espetáculo de poder e opulência. A estrutura era imponente: uma muralha de metal e concreto, guardada por torres com sentinelas de olhos vigilantes. Um portão elétrico pesado e reforçado dava acesso ao terreno, e dentro, uma cerca eletrificada após a muralha reforçava a sensação de uma fortaleza inexpugnável.

À medida que avançavam, Shiro fez uma anotação mental sobre os pontos fracos da segurança, especialmente ao observar os detalhes passados por Boucher. Ele sabia que com os truques de ninja que possuía, poderia encontrar uma forma de infiltração, embora não fosse fácil. A garagem onde foram levados era imensa e militarizada: jipes blindados, snowmobiles e até um blindado de combate leve estavam alinhados, e uma lancha de ataque peculiarmente estacionada levantava mais dúvidas.

O ambiente militar se mesclava com o luxo, mas o toque de guerra era evidente.


Dentro da mansão, as paredes eram decoradas com estatuários de bom gosto e quadros protegidos por molduras de vidro. O banquete estava sendo preparado às pressas, e a equipe foi levada até a mesa dos funcionáriosgasta, mas ainda elegante. Ali, aguardava um homem velho e excêntrico, vestido com um terno preto impecável, sua bengala quase como uma extensão de sua figura.

O homem se levantou assim que os viu, seus olhos penetrantes avaliando cada um com um misto de cansaço e desconfiança. Sua voz aguda e com autoridade cortou o ar.

"Sou Jacques Mercier... E me sinto insultado pela invasão de vocês. Vocês não tem ideia de como isso me poê em perigo! Se foram mesmo mandados por Lupa, quero uma prova concreta disso, se eu vou me expor, ela deve se expor também!"

Marie tentou o melhor que pôde, explicando sua subordinação direta a Boucher, falando com cautela e respeito sobre sua comandante. Porém, o homem não parecia convencido. Ele queria mais.

Foi então que Tanaka, com uma voz calma, porém firme, disse:

"Lupa mandou lhe dizer que Rembrandt está de olho no senhor."

O paranóico homem parecia confuso, sua expressão mostrava que não compreendia a mensagem. Ele olhou para os outros, como se esperasse uma explicação. No entanto, antes que pudesse continuar, uma voz no ponto eletrônico em seu ouvido silenciou-o.

Uma tensa conversa em italiano via rádio se desdobrou, o homem que se dizia Mercier, antes com voz de comando, estava agora falando com alguém em tom submisso, se desculpando e ouvindo com atenção. O homem à sua frente não era quem aparentava ser. Ele era Jean-Baptiste Duval, o Major-Domo de Mercier, que imediatamente se recompôs, mas agora adotando fria cordialidade, pediu que seguissem até o Salão de Visitas.

Após subirem em um elevador panorâmico que parecia mais uma cápsula do tempo, eles chegaram ao grande salão — um espaço que transbordava de bom gosto e opulência artística. O ambiente exibia quadros impressionistas e esculturas contemporâneas dispostas com precisão milimétrica. A iluminação suave destacava as texturas e formas das obras de arte, criando uma atmosfera envolvente e única e um grand piano tocava sozinho Clair de Lune de Debussy. No centro desse universo, aguardava Jacques Mercier, um homem de aproximadamente 60 anos, cuja aparência exalava sofisticação e poder.


Mercier
possuía um charme irrepreensível, que transparecia tanto nas suas maneiras refinadas quanto na sua postura altiva. Seus cabelos grisalhos eram cuidadosamente arrumados, e a barba por fazer estava aparada com precisão, como se ele tivesse escolhido cada fio com a maior das intenções. Usava um terno escuro de corte clássico, que lhe conferia uma presença imponente, como se fosse feito sob medida para ele. Seus olhos azuis profundos eram penetrantes, capturando todos ao seu redor com um olhar intenso que, ao mesmo tempo, transmitia controle absoluto e um toque de nervosismo inquietante. Cada detalhe de seu visual parecia dizer: "Eu sou o mestre aqui".

Ao vê-los, Mercier se aproxima e faz uma avaliação minuciosa de cada um deles, começando por Tanaka, que logo é capturado por um olhar que transbordava interesse.

"Hmmm... que espécime de oriental..." — Ele diz, passando uma mão suave sobre o peito de Tanaka, fazendo-o recuar ligeiramente.

"Obrigado, mas sou casado." — Tanaka responde com a firmeza habitual, tentando manter o tom profissional.

Mercier então se volta para MacGyver, observando o cabelo rebelde com um sorriso travesso.

"Hm, o cabelo... bem Yankee, non?" — Ele faz uma careta, claramente brincando.

"As mulheres adoram!" — MacGyver responde, esfregando o mullet com um sorriso desajeitado.

Agora, com um olhar avaliativo, Mercier se fixa em Shiro, visivelmente mais jovem.

"Hm, muito jovem..." — Ele diz, pensativo. Shiro suspira aliviado, dizendo um "Ufa!" quase inaudível.

Finalmente, seus olhos caem sobre Marie, e ele sorri com um encanto súbito.

"Que fofinha, a mistura de francesa com japonesa lhe cai muito bem! Lupa sabe escolher suas agentes!" — Antes de Marie responder, ele já estava de volta ao seu foco, voltando a olhar para Tanaka.

O ambiente, que até então parecia repleto de tensão, ganhou um toque desconfortavelmente leve. Tanaka sorriu de canto, tentando manter a compostura. "Acho que podemos começar agora?"

Mercier, sempre impecável, gesticulou para os assentos próximos e os convidou a se sentar.

"Por favor, sentem-se. Vamos brindar com um Hirsch Reserve de 1974 e uns canapés de faisão. É o mínimo que posso oferecer para meus ilustres convidados." — Ele fez um gesto largo, como se estivesse apresentando um espetáculo de boas-vindas.

Quando Tanaka hesitou, preocupado com seus ferimentos, Mercier notou e pediu ao seu mordomo que cuidasse dele.

A ajuda veio rapidamente, mas o olhar de Mercier nunca deixou Tanaka, especialmente quando a camisa foi retirada, revelando o peito musculoso de Tanaka, algo que Mercier não conseguiu disfarçar o olhar fixo.

A conversa seguiu, com Mercier fazendo comentários ainda mais incisivos, sempre lançando seus olhares quase inquisitivos. A tensão subia e descia com os flertes de Mercier, criando uma atmosfera desconfortavelmente carregada, mas sem nunca perder a fachada de cordialidade.

Finalmente, Mercier fez a pergunta crucial.

"Agora, senhores... o que os traz até minha porta? O que buscam em minha mansão?"

Tanaka, com uma expressão séria, explicou que estavam em busca de Tatsuke e da informação crucial que poderiam obter para capturá-lo. Ele falou sobre a fuga de Tatsuke da La Santé e as pistas de que ele escaparia por meio aéreo.

Mercier, como se não estivesse particularmente interessado em perder mais tempo, pediu um momento para se retirar. Menos de 20 minutos depois, ele voltou com um papel contendo as informações que procuravam. No entanto, ele só entregou o papel depois que Tanaka prometeu retornar para lá para uma comemoração, caso Tatsuke fosse capturado.

"Eu não peço muito. Apenas uma tarde, quando a captura for concretizada." — Mercier disse, mais como uma condição do que uma sugestão.

Tanaka confirmou que faria o possível, e Mercier, com um sorriso sutil, entregou o papel. As informações apontavam para o Aeródromo de Versailles, onde Tatsuke estava registrado para um voo até Algiers à meia-noite, acompanhado de um homem identificado apenas como "Le Cobra".

Além disso, Mercier compartilhou informações valiosas sobre os prisioneiros que eles haviam capturado, agora chamados de "Guarda Carmesim", e revelando que eles estavam ligados ao Comandante Cobra.

"Conheço esse sujeito... um homem desagradável e de mau gosto." — Mercier comentou, com um desprezo visível.

Tanaka reforçou a necessidade de transmitir todas as informações por canais seguros a Boucher e pediu para seguir em frente, já que a missão era urgente.

Sem hesitar, Mercier ofereceu seu helicóptero particular para levá-los diretamente ao Aeródromo.

Após um voo turbulento, o piloto de Mercier mostrou competência e os deixou em segurança no Aeródromo, onde Liaam os aguardava com o avião pronto para decolar. Agora, o destino estava traçado. A próxima parada era o Aeródromo de Versailles, onde o confronto com Eichi Tatsuke e seu misterioso aliado, Le Cobra, os aguardava.

24:00 – Aeródromo Toussus-le-Noble

No interior do Dassault Falcon 900, Tanaka, com a mão firme no rádio, fala com Mamoru e Boucher, explicando rapidamente a situação enquanto o avião corta a noite escura. A tensão no ar é palpável, e ele sente a gravidade da missão – eles estão prestes a enfrentar Tatsuke de frente.

Tanaka conecta um segundo rádio, passando as ordens para sua equipe: todos devem estar preparados no Clube Aéreo Gaston Laurant, prontos para a ação. Ele também solicita que arranjem dois carros grandes o suficiente para acomodar os 13 membros da equipe.

O pouso no clube é suave, mas o céu noturno escurece com a expectativa. Quando as portas do avião se abrem, lá está Mangusto Furioso aguardando com sua equipe, um sorriso de apoio estampado no rosto. Ele já providenciou dois carros imponentes para a missão: uma Mercedes-Benz 600L e uma Renault Espace. Eles se dividem entre os carros, com Mangusto incentivando, rindo e desejando sorte.

“Boa sorte, meus amigos! Nós estamos na torcida para que consigam chegar lá antes do fim da noite,” grita Mangusto, com um aceno de despedida enquanto a equipe parte em alta velocidade para Versailles.

O som do ronco dos motores dos carros reverbera pelas ruas de Paris, e a adrenalina toma conta da equipe. Não demora muito até perceberem que estão sendo perseguidos por patrulhas policiais. Com Liaam atrás do volante da Mercedes, ele pisa no acelerador, fazendo o carro rasgar as ruas estreitas de Paris com a precisão de um piloto experiente. Quando a polícia tenta bloquear sua passagem, Liaam desvia com destreza, fazendo o carro cortar uma curva e deixar a patrulha para trás. No retrovisor, os faróis se distanciam rapidamente.

Dentro do carro, Tanaka mantém o rádio ocupado, enviando ordens. Primeiro para os espiões aliados da DSGE, instruindo-os a continuar segurando a agência de inteligência francesa, e depois para De La Cour, avisando-o da localização de Tatsuke e pedindo para que ele organize uma maneira de manter a polícia fora da jogada. De La Cour pragueja no rádio, sua voz tensa, respondendo que um grupo da GIGN está lá e acredita que estão a mando de Tatsuke.

Versailles passa rapidamente diante dos olhos deles, as ruas estreitas e sinuosas sendo cortadas pela velocidade dos carros. Tanaka se mantém firme, mas há um peso nas suas palavras. Eles estão se aproximando do aeroporto Toussus-le-Noble, onde tudo será resolvido.

Quando chegam ao aeroporto, a situação toma um rumo de pura ação. Liaam, com seu olhar concentrado, acelera e destrói a barreira de madeira da guarita, abrindo espaço suficiente para que Marie, com uma habilidade impressionante, faça o Renault Espace seguir logo atrás. O céu, agora nublado, parece refletir o clima tenso do momento.


À medida que avançam, eles avistam o que parecia ser o caos da preparação de uma fuga. Membros da GIGN, em trajes de combate completos, estão cercados por fugitivos armados até os dentes, com submetralhadoras em mãos e olhares ferozes. Alguns capangas usam capotes e fedoras, outros, trajes mais casuais, mas a figura que mais chama a atenção é a de um homem alto, loiro e atlético, de sobretudo, discutindo com um outro que está calmamente vestindo uma jaqueta com as cores da França e a torre Eiffel de lantejoulas e jeans bem ajustados. Tatsuke sorri ao avistar os carros.

O silêncio é rompido pelos disparos dos capangas, que abrem fogo contra os carros em movimento. A equipe não perde tempo e revida com tiros rápidos e precisos. Liaam estaciona sua Mercedes em um ponto estratégico da pista, enquanto Marie, com uma habilidade quase sobrenatural, posiciona o Renault do outro lado, formando uma barreira perfeita.

Com a cobertura estabelecida, todos saem dos carros, e um tiroteio de supressão começa. Tanaka, Shiro, e MacGyver avançam em direção a Tatsuke e Le Cobra, mas uma surpresa surge: os capangas de Le Cobra estão posicionados na torre de controle, bloqueando o caminho. Eles estavam preparados para qualquer ataque, mas a situação vira ainda mais complexa quando os guardas do aeroporto, de forma inesperada, começam a atirar contra os capangas. O chefe de segurança do local é um contato de Mercier, e esse é um dos presentes que o excêntrico traficante de arte enviou.

O cenário está montado, tudo que precisa ser feito é o trio conseguir cumprir sua parte e parar Tatsuke de uma vez por todas. 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Após o torneio - Consequências que pesaram e preparativos para as missões.

O Calvário das Caldeiras IV - Luta Feminista