Anzo Anatoli

Idade: 30 anos


Altura: 1,85m

Peso: 85Kg

Filho de mãe solteira, que tem 2 irmãos mais novos. Nunca conheceu o pai, e sua mãe morreu de alguma doença que eles nunca souberam. Foram levados até um orfanato, porém seus irmãos foram adotados e ele não, por ser mais velho (13 anos).
Por ter ficado no orfanato, começou a se virar pra conseguir ter algum dinheiro quando não tivesse mais idade para estar no orfanato. Nesses bicos e trabalhos dele, acabou se envolvendo com criminosos e por isso, antes de completar 18 anos, já estava associado a uma família da máfia russa.
A família Andreyev era comandada pelo poderoso Yuri Andreyev, veterano da segunda guerra mundial que fazia parte do esquadrão de tanques que lutou na batalha de Kursk.
Aconteceu que a família Andreyev se envolveu em uma disputa por cobrança de pedágios ilegais e contrabando em portos na região portuária de Dudinka. A batalha entre a família Andreyev e a família Petrov por esses portos culminou com muitos mortes de membros importantes das organizações criminosas e até mesmo de parentes dos chefes: Yuri Andreyev e Sasha Petrov. Nos últimos dias de disputa, Sasha teve seu filho assassinado pelo principal matador de Yuri, Danil Popovitz, veterano da WW2 e herói da batalha de Stalingrado. Em vingança a esse ato, Sasha contratou o melhor matador de aluguel que o dinheiro podia pagar: Morte Branca - Simo Häyhä. Simo Häyhä é um finlandês que matou mais de 500 soviéticos que marcharam pela Finlândia para invadir a Alemanha Nazista na vingança furiosa do exército vermelho.
Morte Branca tinha o trabalho de matar não só Yuri, mas matar o máximo possível de membros da família Andreyev. Simo atacou o restaurante de Yuri com seu rifle sniper e alvejou a todos usando a excelente visibilidade das grandes janelas de vidro que haviam na fachada do restaurante. Ele se posicionou em um prédio a mais de 100m de distância do restaurante, e ali ele iniciou o massacre. Tiro a tiro, os mais de 10 criminosos que estavam no restaurante foram caindo, sendo baleados na cabeça ou no coração. Um tiro para cada um deles, sempre, com precisão inumana, e de maneira metódica ele matou a todos ali... pelo menos ele achava.


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O caso do tiroteio apareceu em todos os jornais da URSS. A NKVD (polícia soviética) fez uma extensa investigação e inclusive houve participação da própria KGB, diante do tamanho do escândalo, da barbárie do crime e da confusão gerada, pois os disparos de Simo Häyhä não foram os únicos, já que os membros da família Andreyev tentaram sem precisão alguma disparar contra o atirador. A família Petrov acabou sendo desmantelada por completo pela KGB e o medo de Sasha em denunciar o Morte Branca acabou trazendo uma inconclusão ao caso, pois nunca foi sabido o atirador, mesmo tendo tido um sobrevivente daquele dia: Anzo.
Anzo levou um tiro de "raspão" no lado esquerdo da cabeça. A bala atingiu na altura da sobrancelha e quebrou a lateral esquerda do crânio. A bala percorreu da frente do rosto e saiu atrás da cabeça. O estrago foi medonho e foi requerido usar uma placa de metal parafusada ao crânio. A sorte que ele teve foi justamente o rápido atendimento médico que recebeu para que não sangrasse até a morte. Ele ficou semanas desacordado e quando despertou não lembrava de nada do acontecimento, o que era de se esperar de tamanha lesão craniana que teve. Ele estava preso no hospital, pois a proteção que ele (e outros capangas) tinha contra a polícia fornecida pela família Andreyev, morreu junto com todos os outros membros da organização criminosa, incluindo o próprio Yuri. Porém foi lhe dada liberdade pois nada podia se provar sobre ele estar de fato ligado a família Andreyev, mas ainda assim, o mantinham sob vigilância para que pudessem sempre abordá-lo, perguntando se ele havia se lembrado de algo ou não. Enquanto se recuperava, aconteceu o que não se esperava para um moribundo: ele fugiu! Pelo menos... era o que a polícia, a população e a mídia achavam.
Era tarde da noite e ele estava acordado se revirando com uma tremenda enxaqueca, que precisava ser medicada recorrentemente por causa do ferimento quase fatal. De repente ele ouviu barulhos de uma janela tentando ser aberta. Ao olhar na direção da janela ele vê um homem totalmente coberto com roupas para se ocultar descendo de rapel pelo prédio do hospital. O homem abre a janela e entra no quarto armado com um revolver de aspecto antigo e um rifle igualmente antigo pendurado nas costas. Anzo congela diante da visão. Por algum motivo ele não conseguia gritar, se mover, chorar... nada, absolutamente nada. Ele tinha certeza que iria morrer ali, pois tinha certeza que aquele era o homem que tinha alvejado ele. O homem se aproximou sem falar nada e Anzo percebeu que ele encarava diretamente o lado de seu rosto onde havia a cicatriz horrível que ainda se fechava na cabeça. Após alguns segundos que aparentavam anos o homem puxou de dentro do casaco uma seringa e espetou-a na coxa de Anzo e ele só lembra de sua vista embaralhar e depois tudo apagar.
Anzo nem sabe quanto tempo ficou desacordado, perdeu completamente a noção de tempo e espaço... sequer sabia se estava de fato vivo ou se tinha ido para o inferno. Acordou em um espécie de cubículo de madeira totalmente escuro e por isso não sabia sequer se era dia ou noite. Só sabia de uma coisa...estava com frio, muito frio. Ele conseguia até escutar o vento uivar através das paredes. Pensava o porquê de o tal atirador de elite se dar tanto trabalho de ir atrás dele no hospital. No começo, logo após ele acordar, ele ficou um bom tempo sem lembrar o que tinha acontecido, e com as horas que ele teve, teve tempo de sobra para recordar o que tinha havido. Ele ficou horas sozinho naquela cela até que a porta se abriu cegando Anzo por causa da luz repentina e o branco excessivo. Um homem vestido completamente de branco jogou um prato de comida com uma garrafa de água, seguidos de cobertores. Depois disso o tal homem fechou a porta. Por dias, Anzo achava, ele ficou preso naquela cela apenas recebendo visitas daquele homem sempre para trazer comida, água e tratar do ferimento da cabeça do Anzo. Por sorte havia um banheiro naquela cela.

Who was more dangerous during World War II: Mitchell Paige or Simo Häyhä? -  Quora


O ferimento na cabeça de Anzo sarou bem depois de sabe-se lá quando tempo trancado naquela cela. Finalmente um dia o homem entrou na cela, verificou o ferimento, deu as costas e saiu da cela deixando a porta aberta. Anzo esperou minutos até ganhar coragem para sair da cela, e também para poder passar o efeito da cegueira pelo sol de dias trancado naquela escuridão total. Quando saiu, ele viu sentado numa varanda de uma cabana de madeira o homem misterioso. Anzo olhou de um lado para o outro e pensou estar na Sibéria no meio do inverno, e viu que seja o que foi que aconteceu, ele imaginava que a única coisa a fazer era falar com o homem. Ele se aproximou da cabana e o homem apontou uma cadeira para sentar. Relutantemente, Anzo sentou na cadeira e o homem começou a se desmascarar. No final, o homem que se mostrou era um homem velho e com a cara consideravelmente deformada.
- Olá sr. Anatolli. Eu me chamo Simo Häyhä.
Anzo gelou. Ele conhecia esse nome, pois vira por algumas vezes Yuri e Danil bebendo e relembrando os tempos da segunda guerra, e por vezes eles contavam a história do Morte Branca Simo Häyhä. O finlandês que matou mais de 500 soviéticos apenas com uma Mosin-Nagant sem escopo.
- Por que eu estou aqui? Por que eu estou vivo?
Simo ignora, e comenta com hironia:
- Sua cicatriz foi bem menor que a minha. A diferença é que a minha foi por causa de uma granada.
Ele continua:
- Sr. Anatolli, eu vou treiná-lo para ser tão bom quanto eu... ou quase isso. Se quiser ir embora, sinta-se a vontade, a estrada para Helsinque fica para o norte. Terá que ir a pé, e eu não lhe darei suprimentos para a sua caminhada. Você escolhe sr. Anatolli: quer se arriscar a morrer congelado na floresta ou ficar e ser alguma versão melhor de si mesmo?
Anzo está extremamente assustado e sem entender absolutamente nada do porquê daquilo. Mas ele pensa no que Simo fala, e sua vida passa como um filme na sua mente. Nunca teve nada na vida: dinheiro, casa, alimento, educação, tutoria... Pelo menos, se um grande matador como Simo oferece uma chance de se tornar um matador, pouca coisa não é. Anzo já havia matado e sabia que não tinha tanto remorso. Por 3 vezes sua vida ele matou. O primeiro foi quando tinha apenas 16 anos: um velho que era seu chefe no porto de Dudinka e queria mata-lo por achar que ele tinha roubado seu dinheiro. Morreu com um gancho de pegar gelo enfiado na nuca. Os outros 2 foram com ferimentos a faca e com um disparo de revolver, quando trabalhava para Yuri. Todos os 2 eram capangas de máfias inimigas.
- Por que você está me oferecendo isso? Você me deu um tiro na cabeça e eu fiquei vivo, por que me oferece ser igual a você?
Simo é sério e calado, e sequer olha na cara de Anzo desde que começou a falar. Ele parece se entreter mais em esculpir algo com um pequeno pedaço de madeira do que com a conversa. Quando Anzo fala isso, ele solta um riso forçado.
- Não ofereço a você para que seja igual a mim, você nunca será igual a mim, russo. Eu ofereço a você ser algo ou alguém. E o porquê disso... bem... o motivo não importa agora. Pode imaginar que é por justiça divina, ou porque eu me entediei e quero ensinar alguém para ter o meu legado, ou porque eu simplesmente quero um ajudante para as missões. Entre e tome um banho, você fede a merda e mijo. Tem água quente no banheiro e toalhas no quarto do fundo.

Dana Pivonkova - Forest Cabin Finland


Nos meses que se seguiram, Anzo foi arduamente treinado por Simo. Ele teve que aprender muitas coisas que ele seque imaginou que existia. E coisas básicas como até mesmo matemática, geografia... Anzo teve que ter boa parte da educação que ele renegou no orfanato, e teve que aprender muitas outras coisas referentes a física. Muitos conhecimentos aplicados ao ofício de um atirador de elite, como estudo de balística, efeito Coreolis, velocidade do vento, umidade do ar, proficiência com armas... Anzo ficou mais de um ano naquela cabana, e por muitas vezes ele ficava sozinho naquela cabana. Ele imaginava que Simo ficava fora para trabalhos ou para visitar uma família imaginária que Anzo supunha que um demônio como Simo poderia ter. Outra parte importante do aprendizado do Anzo foi aprender de fato a atirar mediante a qualquer situação adversa. Teve que treinar também o condicionamento físico e fazer treinamentos de força, resistência e tudo que ligasse ao corpo.
Durante todo esse tempo de treinamento ele nunca conseguiu desenvolver amizade alguma com o Simo, de nenhum tipo. E em todo esse tempo o tratamento de Simo com Anzo era completamente impessoal, sempre! Quando o treinamento finalmente acabou, Simo levou Anzo para um trabalho em Hong Kong. Ele pensou que finalmente o velho deixaria ele apertar o gatilho para valer. O trabalho era simples: matar um CEO de uma empresa de medicamentos do ocidente que estava fazendo uma visita a HK para negócios. Os dois estudaram o alvo e viram o itinerário dele por alguns dias, e se alocaram num prédio que ficava do outro lado da rua de onde o Hotel do tal inglês ficava. Simo o matou com um tiro limpo e fácil. A confusão generalizou-se na rua abaixo deles, e eles saíram rápidos e sorrateiros do terraço do prédio. Desceram o prédio, pegaram um táxi e foram para o aeroporto diretamente. Anzo estava eufórico e no caminho parabenizou o mestre pelo belo tiro e Simo nada falava, aliás, parecia até mesmo mais distante e impessoal do que nunca. Ao chegarem no aeroporto, o velho entrega a Anzo um envelope:
- Aqui está seus documentos e um dinheiro que deve bastar para chegar até a sua pátria mãe. Seus documentos estão legais, e sua passagem para a Rússia é segura. Já comprei uma passagem para você, que o levará até Dudinka. Ela está dentro do envelope. Você está só de novo garoto, como sempre esteve por toda a sua vida e sempre será assim.
Ele para de falar para pegar um fôlego e olha no relógio a hora.
- Serei breve pois meu voo está quase na hora. Eu cuidei de seu ferimento, te alimentei, dei abrigo, te dei educação, te dei treinamento e agora está livre. Dei tudo e mais um pouco do que eu tive com a sua idade, e penso que você tem plena capacidade de se tornar melhor. O porquê que você queria saber a quase 2 anos atrás é simples: Você é meu erro. A cada suspiro seu, eu me envergonho. Nunca errei um tiro, nunca deixei ninguém vivo, e você é minha maior falha. Eu te dei tudo isso para te dar uma chance de ser tão bom quanto eu. Pois algum dia, você será meu alvo, e quando isso acontecer, você ou eu morreremos. Não saberá quando será pois acompanharei seu progresso como um atirador, e quando julgar que você está pronto, eu o caçarei.

Simo dá as costas e vai embora. Anzo ficou atônito com o que escutou e sequer conseguiu falar nada a contraponto de Simo, apenas ouviu e aceitou calado. A explicação era absurda mas fazia sentido. Simo não era um homem normal, nem de longe, e talvez essa história toda realmente fizesse sentido na cabeça doente dele.
Anzo partiu para seu voo depois de algumas horas, e ficou felizmente com medo. Feliz por estar livre novamente e por ver a sociedade de novo. E com medo de saber que em algum momento,aquele velho diabo o caçaria como Baba Yaga caça as crianças. Ele pensou no que faria quando chegasse na URSS. Em horas de voo conseguiu planejar com cuidado seus próximos passos e as escolhas que teria que fazer e opções que teria a sua disposição.
Anos se passaram e Anzo se tornou um matador de aluguel para serviços específicos de alvos a longas distâncias. Se considerava um atirador decente, diante dos tipos que ele conhecera nesse tempo em atividade. Trabalhou até mesmo como mercenário para o partido comunista em zonas de conflito, e nesses trabalhos ele ganhou certa fama no exército vermelho... fama essa que chegou até os ouvidos da Guarda de Outubro. E enquanto isso... a constante preocupação de ser caçado por Simo sempre o perseguindo e lembrando ele com dores crônicas de cabeça e um medo afogado a base de cigarro, analgésicos, ironias e aceitação da morte.

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