O Sobrenatural, Aceitação, Racionalização e Negacionismo.

O Sobrenatural, Aceitação, Racionalização e Negacionismo.

-por Gyo Gunwoo

O sobrenatural está saindo de moda com o avanço da tecnologia e da ciência, e como opinião pessoal celebro isso, pois muito do sobrenatural em nosso mundo é charlatanismo ou fenômenos naturais interpretados como algo do outro mundo. Muito, mas não tudo.

Chi (ou ki), energia espiritual, fantasmas, demônios e entidades divinas existem e permeiam nosso mundo. Essa afirmação pode parecer um absurdo, mas evidências não faltam. Agora, se eles existem, porque não estamos todos cientes delas e as existências quiméricas desses seres não são de conhecimento e aceitação pública?

Isso pode ser explicado por três mecanismos de defesa de nosso consciente chamados de Aceitação, Racionalização e Negacionismo.




A Aceitação ou Resignação se refere a experimentar uma situação sem a intenção de mudá-la. A aceitação não exige que a mudança seja possível ou mesmo concebível, nem necessita que a situação seja desejada ou aprovada por aqueles que a aceitam. De fato, a resignação é frequentemente aconselhada quando uma situação é tanto ruim quanto imutável, ou quando a mudança só é possível a um grande preço ou risco. Aceitação pode implicar apenas uma falta de tentativas comportamentais visíveis para mudar, mas a palavra também é utilizada mais especificamente para um sentimento ou um estado emocional ou cognitivo teórico. Então, alguém pode decidir não agir contra uma situação e ainda assim não ter se aceitado-a.


Soldados se rendendo na Segunda Guerra Mundial.

A aceitação geralmente ocorre no momento em que se experiência o sobrenatural, levando muitas vezes a inação ou o engatilhamento do comportamento "Fight or Flight".

Begging Castaway - Henryk Siemiradzki 1878


Às vezes a aceitação persiste, o que pode trazer graves consequências para a pessoa que entrou em contato com o sobrenatural, principalmente em aspectos mentais e sociais. O mais comum é que a aceitação venha com uma racionalização de que o fenômeno sobrenatural faz parte do conjunto de crenças já pré-estabelecidas pela pessoa, sejam religiosas ou espirituais. Muitas vezes a pessoa se sente privilegiada pelo encontro e guarda para si o que presenciou, compartilhando apenas com pessoas que dividem consigo suas mesmas crenças espirituais.

 

Outro comportamento mais danoso da aceitação é quando a pessoa se resigna ao fato de que seu encontro absurdo foi real e procede a tentar convencer amigos, família ou qualquer um da factualidade de sua experiência. Isso acaba levando a exclusão social da pessoa e, a problemas psicológicos e mentais.

Outras pessoas acabam racionalizando sua experiência, encaixando-a numa explicação plausível e adequada para si mesma do fenômeno que acabou de presenciar. Isso é conhecido como a racionalização.

O Pesadelo, de Henri Fuseli (1781). Só foi um sonho ruim, será?

 

Racionalização é um mecanismo de defesa no qual comportamentos ou sentimentos controversos são justificados e explicados de uma maneira aparentemente racional ou lógica para evitar a verdadeira explicação e então conscientemente sendo considerado tolerável — ou mesmo admirável e superior — por meios plausíveis. É também uma falácia informal de raciocínio.

A racionalização acontece em duas etapas:

  1. Uma decisão, ação, julgamento é feito por uma razão dada, ou nenhuma razão (conhecida).

  2.  Uma racionalização é realizada, construindo uma razão aparentemente boa ou lógica, como uma tentativa de justificar o ato após o fato (para si ou para os outros).

장화홍련전 (Janghwa Hongryeon jeon ou a História de Janghwa and Hongryeon) é a mais popular história de fantasmas coreana. Fato racionalizado em mito?

 

A racionalização encoraja comportamentos, motivos ou sentimentos irracionais ou inaceitáveis e frequentemente, envolve a hipótese ad hoc. Este processo varia de totalmente consciente (por exemplo, para apresentar uma defesa externa contra o ridículo de outros) para principalmente inconsciente (por exemplo, para criar um bloqueio contra sentimentos internos de culpa ou vergonha). As pessoas racionalizam por várias razões - às vezes quando pensamos que nos conhecemos melhor do que nós. O uso da racionalização é incrivelmente comum ao contato com o sobrenatural exatamente pelos motivos apresentados acima. A pessoa não quer aceitar algo que não é aceitável e se passar por ridícula ou louca e acaba por racionalizar o encontro. A racionalização nesses casos pode ser tão intensa e complexa que pode levar ao Negacionismo. Se chega ao negacionismo também quando a racionalização simplesmente falha.

Negacionismo é a escolha de negar a realidade como forma de escapar de uma verdade desconfortável. Trata-se da recusa em aceitar uma realidade empiricamente verificável, sendo essencialmente uma ação que não possui validação de um evento ou experiência histórica. Na ciência, o negacionismo é definido como a rejeição de conceitos básicos, incontestáveis e apoiados por consenso científico em favor de ideias tanto radicais quanto controversas.

 

O Holocausto judeu: Fato historico negado por muitos.

É muito comum pessoas negarem coisas chocantes, porém factuais no sentido científico e histórico, como o Holocausto Judeu, o Efeito Estufa e as mudanças climáticas mas também é extremamente comum após ou mesmo durante encontros com o sobrenatural. Este mecanismo de defesa é ativado para proteger a pessoa da sobrecarga mental do encontro, evitando assim traumas na psique ou mesmo nas faculdades mentais e cognitivas que o contato pode causar. Neste caso é comum a ocorrência de amnésia voluntária na vítima do contato.

Conclusão:

Apesar de já ter tido contato com muitas coisas que a ciência não pode explicar e eu mesma ser capaz de manipular forças não totalmente compreendidas por ela, eu não acredito no sobrenatural. Já que o sobrenatural implica em algo alienígena ao natural, ou seja, não faz parte de nossa realidade. Mas estes fenômenos, apesar de extraordinários e inexplicáveis, se factuais, são naturais, portanto parte de nossa natureza e nossa realidade. A ciência ainda não consegue explica-las e talvez nunca consiga. Nós podemos não compreende-las e talvez nunca iremos, mas isso não muda o fato de que elas existem.


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