Mari encontra Yunuen em Nagoya.

 Roleplay Mari e Yunuen.

04/07/1989 - Jardim Shirotari, Nagoya.


O parque está deserto, é possível se contar as pessoas que estão nele nesta noite neblinosa, e todas elas estão do outro lado da lagoa, concentrados no pavilhão decorado. Apenas uma garota está do outro lado do parque, é possível enxergá-la pela neblina apenas quando o brilho do cigarro que ela está fumando se intensifica, afora isso, parece apenas uma garota relaxando ao banco do jardim e alimentando os cisnes depois de uma longa noite de trabalho. 

De longe suas roupas não chamam atenção, um tailleur cinza, uma camisa social branca, calças de tecido cinza e mocassins. Seu penteado também é bastante ordinário, um longo cabelo castanho amarrado em um rabo de cavalo. Um bom observador poderia achar curioso o esforço da garota em ocultar sua pele com vestuário e penteado, sua grande valise de tênis que ela carrega, seu corpo bem esculpido mesmo por debaixo das roupas e sua pele morena. 

A jovem esconde nervosismo embaixo de seu semblante sério e compenetrado, nervosismo tal denunciado pela sua postura, o braço esquerdo cruzado sobre o peito, sua mão agarrando o braço direito que não para de levar o cigarro à boca. As pernas cruzadas, apenas o pé direito encosta no chão flexionando-se convulsivamente.  Seus olhos dardejando de um lado ao outro, atenta a todo movimento no parque, roncos de motos à distância a deixam particularmente agitada. 

De repente ela sente um toque brusco em seu ombro, quase uma espalmada, seu corpo reage por instinto enquanto ela joga fora o cigarro e se põe em posição de luta ou fuga para se defender, mas é completamente desarmada quando seu atacante lança uma jocosa gargalhada. 

HAHAHAHAHAHA!! - A atacante rí nas sombras, seus curiosos olhos dourados brilham à luz da lua enquanto ela saí das sombras e se coloca às luzes da iluminação do parque. É uma atraente mulher curiosamente vestida com uma camisa social listrada em azul e branco e calças sociais brancas escondem bem suas várias tatuagens de motivos mesoamericanos. Seu cabelo loiro está amarrado em um prático rabo de cavalo, e ela carrega uma valise de tacos de golfe. 

Você me mata de susto assim, Yunuen! - A jovem morena que prefere ser chamada de Mari fala aliviada enquanto abraça a recém-chegada, que um tanto encabulada pelo gesto retruca. 

Tá, tá, agora deixa disso, tonta! - Lutando pouco para parar o abraço - Ué, não havíamos combinado golfe? - A menção do esporte confunde Mari por um instante, que recua um pouco para ver para onde Yunuen está olhando, e repara que é para sua valise de tênis. 

Hihihihihihi! É onde estou guardando minha mochila e meus trecos! Ué, e cadê a caixa de violão que você usava? - Yunuen dá de ombros.

É melhor esconder minha lança aqui, foi dica da Boucher, não pedem para mim tocar nada e ainda os tacos servem de armas extras... aliás, não consegui descobrir onde você estava hospedada, parabéns Mari. 

Esses parabéns são pelo meu aniversário, né? - Mari pergunta com uma voz comicamente infantil.

Pfft, que aniversário o que, não sei nem do que está falando! - Yunuen retruca divertida fazendo Mari rir, mas logo depois toma um tom mais sério. - Sério, você mandou bem até agora, apesar dos riscos que tomou. 

Iá, Só estou usando motéis que não pedem identificação e só para dormir mesmo, conhecer bem as ruas dessa cidade me ajudam a me esconder bem. 

Eles estão mesmo atrás de você? - Yunuen pergunta.

Sim – Mari aquiesce - Começou lá para o meio do mês passado, dia 20, por aí. Eles parecem saber tudo sobre mim, até que eu curto ouvir walkman... por isso mudei total minhas roupas e não tô mais ouvindo minha musiquinha... - Mari fala fazendo legítimo muxoxo. 

Eles sendo a gangue de motoqueiros Black Warriors, correto? - Vamos andando enquanto falamos sobre eles, você guia o caminho. 

Mari mal consegue esconder o orgulho que sentiu ao poder guiar Yunuen pelo caminho. Mari toma a rua principal, que nesta hora da noite está com uma boa quantidade de carros se dirigindo de volta para suas casas ou para os supermercados por perto, até o hotel que Mari planeja se hospedar hoje é uma longa caminhada, mas ela não se incomoda agora que está em companhia de uma pessoa que ela considera uma amiga.

Antes fala como tá todo mundo, Yunuen! Tô morrendo de saudade da galera toda e eu nem sei se eles tão bem ou não, como foi as missões do mês e tal, fala aí! - Mari suplica.

Chega de drama, tonta! Falo sim. - Yunuen faz uma pausa e fala. Vou falar na ordem dos acontecimentos, ok?

Hm! 

A primeira missão foi a do Shiro, coordenada por Mamoru, e foi uma merda completa. 

Ia! Porque, o que aconteceu?

Para de me interromper! Aoki Kazue, o sensei de Karatê de da Universidade Takatsuki de Osaka estava planejando nos trair contando para agentes do Exército da Vingança o que sabe sobre nós. 

Aí não, sério isso?

Hm hm, então Lacroix mandou Shiro e Mamoru fazer uma coisa bem simples, trazer ele para nós. Acontece que o garoto descobriu que Kazue estava sendo coagido, pois sequestraram a família dele.

Aí nãao!

Yunuen aquiesce um pouquinho irritada com a interrupção de Mari, mas decide relevar e continua.

Como eu dizia, Shiro então fala com Mamoru e ambos decidem tentar ajudar Kazue em resgatar sua família no local combinado pelo Exército da Vingança, uma galeria de metrô abandonada. 

Eles conseguiram?

Calama, tonta! ... Enfim, eles foram para lá sem sequer fazer um reconhecimento prévio do local, foram eles, Kazue e dez estudantes de Karatê do cara. Chegando lá, surpresa para ninguém, era uma armadilha encabeçada por ninguém menos que Senhorita Izanami.

Ah não! Sério? Puta merda!

Yunuen aquiesce. - Mamoru e Shiro conseguiram sair com vida, mas Kazue e todos seus estudantes foram capturados.

Ah não! Então deve ser por isso que os Black Warriors sabem tudo sobre mim por aqui!

Provavelmente é isso mesmo, e sobre mim também se pensar bem. Puta merda! Eu sei que é uma situação delicada a que eles estavam, mas o correto era ter levado quem dava para salvar e depois resgatar a família dele com reforços. 

Mas podia ser tarde demais, Yunuen... - Mari fala entendendo o dilema de Shiro e Mamoru.

Filhos da puta essa Star.... - Yunuen comenta. - Mamoru tem cabeça quente, é bem ele agir do jeito que ele agiu. Mas Shiro me surpreendeu, baseado no treinamento dele ele deveria ter um pensamento mais frio. 

Lembra mesmo o Sanji, né? - Mari comenta fazendo Yunuen sorrir.

Sim, lembra. 

Mas aí eu que já estava comprometida estou completamente ferrada, né? Sem falar no Kazue e a família, a gente precisa encontrar eles!

Sim, vamos fazer isso na primeira oportunidade. 

Mas uma coisa não bate, Yu. - Mari comenta pensativa. - Nos últimos dias os Black Warriors afrouxaram um bocado a busca sobre mim, tem até menos deles nas ruas. 

Isso também foi a gente. - Yunuen fala divertida. 

Sério? Conta!

Yunuen revira os olhos para o céu enquanto pensa como começar, fazendo Mari ficar ainda mais ansiosa, porém antes que Mari proteste, Yunuen começa a falar.

Lembra do caso da guerra dos Yakuza e o envolvimento dos Ichiwakage-gumi com o Exército da Vingança, não é?

Iiihhh, como eu ia esquecer!?

Então, o que nós fizemos lá em Osaka contra eles, expos eles e fizeram com que eles cometessem mais erros e começassem a aparecer alguns conflitos internos, Boucher e seus agentes aproveitaram isso para monitorar mais de perto por algum sinal de desavença entre eles, principalmente entre os grupos tradicionais Yakuza que aderiram os Ichiwakage. Nisso ela acabou encontrando um guarda-costas de um desses chefes que estava disposto a trair o chefe dele em troca de se tornar ele mesmo chefe e se unir aos Yamaguchi-gumi. 

Uau! Sério isso? Foi muita sorte, heim?

Não só sorte, se a equipe de Boucher não estivesse olhando para o lugar certo, essa oportunidade teria passado, de qualquer forma, Boucher foi estudar o caso pessoalmente e confirmou com nosso aliado Takumi da veracidade dos fatos. O traidor realmente tem entrado em contato, o chefe dele era grande lá em Tóquio e isso era uma oportunidade única para os Yamaguchi conseguirem recuperar parte de seus territórios na cidade. 

Aaaahn... - Mari suspira fascinada.

Então ela montou todo o plano de ação junto com os amigos Yakuza dela e requisitou uma operação para o Lacroix. Há! Você sabe o que ela descobriu conversando com o Takumi Ichida? - Yunuen pergunta enquanto lança um sorriso diabólico.

O que, o que, o que? Pergunta Mari excitada. 

Que o atirador que matou o namoradinho dela estava em Tóquio e tinha um novo alvo lá.

Não! Ia, fala sério! E ele tinha algum envolvimento com os Ichiwakage? Tem sim, né, porque o namoradinho da Boucher era Yamaguchi, né?

Isso, ele estava trabalhando para os Ichiwakage, mas voltando para história...

Tá!

Neste momento as duas chegam na avenida principal, iluminada pelo brilho dos neons dos letreiros e outdoors, Mari as conduz até a faixa de cruzamento subindo a avenida há um bloco de lá, elas seguem junto com um fluxo de pessoas que se dirigem até a estação de ônibus. 

Lacroix aprova e designa Lady’a como o operativo da missão...

O Lad’ya? Legal!

...Sim, sim... Eles foram primeiro para Osaka coletar mais informações e reforços com o Takumi...

Quem eram os reforços, eu conheço?

Aquele grandão mal-encarado, guarda-costas do Takumi...

Aaah! O Kaishakunin! Gente boa, ele!

Isso, mas continuando chegaram em Tóquio e assaltaram um Clube de Strip-tease desse chefão Ichiwakage, o guarda-costas dele tava lá e encurralou o chefão para eles. Esse guarda-costas matou o chefe dele, mas acabou dizendo para Boucher quem era o assassino do namorado dela e quem ele planejava matar.

Quem era?

Um Nigeriano chamado Chuk Joshua, ele deveria matar um lutador de Sumô famoso, Edmondo Honda.

Sério!? O Honda é punk demais! Que massa! - De repente Mari fica apreensiva. - Espera, ele morreu?

Não, não. Boucher e Lad’ya pegaram o desgraçado antes disso. Vou te contar, ele sofreu nas mãos da Boucher...

Bem feito! Mas ela matou ele? Porque seria burrice matar ele. 

Não, não. Ela não matou ele, ele foi interrogado e soltou muita coisa boa para nós. Mas bem, com o sucesso da missão dos dois, os Yamaguchi recuperaram parte de seus territórios em Tóquio e a guerra dos Yakuza lá engrossou. 

Ahh! Então é por isso que ví uns mafiosos se encontrando com os Black Warriors por aqui! Devem ter chamado eles para ajudar na pancadaria! 

Yunuen aquiesce sombria.

É por isso que a violência em Tóquio aumentou bastante esses últimos dias. 

Foda isso, a gente precisa agir rápido então. - Mari fala consternada. 

Não funciona assim, vamos nos focar primeiro por aqui.

As duas estavam cruzando a avenida, atravessando a faixa de pedestres quando elas fizeram um breve silêncio de dois ou três segundos, quando Mari o quebra. 

E como tão a Charlotte e o Victor?

Charlotte foi para uma missão com Lacroix na França. - Yunuen faz uma careta. - O desgraçado não avisou nada para nós, e se alguma coisa desse errado?

Peraí, o chefe foi em missão de campo com a Charlotte?

Sim. Não sei muito os detalhes, mas ele foi lá para contatar um antigo agente dele, Loyd Compton, gente boa. 

Hm, e aí?

Aí eles agentes da Interpol corruptos tentaram matar eles em águas internacionais....

O QUE! - Mari grita – Aaah não! - Ela fala com um misto de tristeza e raiva.

Calma, tonta! Vai se exaltando em cada vírgula que eu falo! Que saco! - Yunuen protesta. - Eles conseguiram se safar, Compton está agora trabalhando em segredo para nós, descobrimos o filho da puta que está tentando nos ferrar na Interpol e ainda conseguimos restaurar o financiamento da operação!

MASSA DEMAIS! - Mari fala exaltada, até chamando atenção das pessoas ao redor. 

Menos, tonta, menos... - Yunuen fala mal contendo o riso. 

Mas e aí? Tamo com toda a grana de novo e podemos voltar com tudo é isso?

Isso mesmo, já estamos em processo de retomar com nossa base...

IATA! - Mari comemora em alegria saltando do asfalto para a calçada, mas assim que pousa, espera para Yunuen acompanhá-la e pergunta preocupada.

Mas e como tá a Charlotte e o Victor?

Ah, estão bem... 

Tão não! 

Como? - Yunuen desiste de perguntar e fala o que sabe.

Hm, pelo que sei a Charlotte anda bem distante. Eles descobriram recentemente como os pais morreram, a mãe morreu doente pouco depois de saber da morte deles, o pai se casou novamente, mas acabou tirando a própria vida. 

Aaah não! - Mari lamenta em voz aguda de choro – Bem que eu tava sentindo um aperto no peito! - Fala com lamento estampado no rosto enquanto pressiona a mão esquerda no meio do peito.

Yunuen não deixa de sorrir com a reação teatral, mas legítima da brasileira e continua. - Para não haver escândalos a família deles Rozen D’or, foi removida dos registros reais... - Yunuen ri, o que irrita Mari.

Continua, porra! Qual a graça? - Mari fala revoltada.

A revolta de Mari diverte ainda mais Yunuen, ela faz um gesto apaziguador com as mãos e fala o porque  dela ter se divertido.

É Victor, ele tinha uma fama na Inglaterra e por conta dela foi difícil jogá-lo no anonimato... - Ela ri de novo. - Existe uma fábula chamado o Cisne Branco, já ouviu falar?

Hm, hm. - Mari responde já com humor recuperado e curiosa.

É uma fábula local, sobre um jovem cisne que saia azarando todas as outras aves no jardim da Rainha....

Azarar? - Mari ri. - Eita cisnesinho danado!

... Até que a rainha o convenceu a viajar para bem longe, e lá estava esperando um caçador estrangeiro, que deu fim no Cisne Branco.

Ah não! - Mari protesta.

Pois é, triste história. Enfim, eles estão desanimados, mas mesmo assim Victor ainda iniciou uma investigação no Poço. Boucher e Gunwoo estão coordenando.

No Poço? O ringue sinistro de lutas ilegais que resgatamos Kingo, né?

Esse mesmo. - Yunuen ri – Victor escolheu o nome Cisne Branco para lutar lá.

HAHAHAHAHA! - Mari ri enquanto sinaliza para Yunuen segui-la num beco cheio de restaurantes e bicicletas estacionadas. 

Ele venceu sua primeira luta contra dois! - Yunuen fala com certa empolgação. - Espero que eles tirem algo bom daquele lugar.

Certeza de que a Star está envolvida! - Mari fala.

É, pode ser. Yunuen  conclui.

E os outros? - Mari pergunta.

Ainda estamos longe? 

Hm hm. - Mari balança a cabeça numa negativa. - É do lado do supermercado dois becos desse.

Vamos comer alguma coisa então. - O cheiro de alho frito e carne sendo assada lembra a Yunuen que ela não comeu nada o dia inteiro.

Tem uma bodega aqui perto que tem um Miso Katsu¹ muito dahora.  

Mari conduz Yunuen uns passos mais a frente, a Brasileira vai se valendo de um grande gerador à frente para checar se não há ninguém indesejável no caminho e continua até a entrada de um pequeno restaurante japonês. 

Beleza! quer dizer que a Boucher tá super bem agora. - Mari trocou o idioma para o Inglês ao entrar no estabelecimento. 

Ela ainda tem umas dificuldades de lembrar coisas mais recentes, mas isso está cada vez mais raro, no físico ela está praticamente recuperada. - Yunuen responde enquanto acompanha Mari até uma das mesas do pequeno estabelecimento, que é basicamente um balcão no lado esquerdo e quatro mesas do lado direito. Elas escolhem a penúltima, pois a do fundo estava ocupada. 

Ela tá se dando melhor com o Lad’ya? - Yunuen dá de ombros.

Tomara, quer dizer, ela se dá bem com todos... - Yunuen olha para Mari de forma curiosa. “A garota é mais astuta do que parece”, pensa. - Mas tomara que ela esteja confiando mais nele depois dessa missão, passou da hora... - Yunuen cerra os olhos e pergunta a Mari. - Mas como você sabe que ela tem suas reservas com ele? 

Ah, é porque eu tava lendo o manifesto, e ela me disse para não me deixar “influenciar com aquelas ideias subversivas”, hihihihihi! - Mari fica séria. - Eu sei que ela é bem desconfiada, então pensei que ela deve desconfiar dele, daí você acabou de me confirmar.... - Ela faz uma pausa moleque e Yunuen dá um leve tabefe na cabeça dela. 

Deve ler também Bakunin, vou te conseguir uns livros. - A guatemalteca fala.

E como tá o Tanaka, Tadeji, Reyna...  

Mari é interrompida por um simpático atendente do restaurante que confessa que não sabe falar Inglês, mas vai se esforçar para atendê-las da melhor forma mesmo assim. Mari fala em japonês com ele e pede dois Miso Katsu caprichados acompanhados com café. Quando ele anota o pedido e se retira ela continua.. 

Não sei como Reyna e MacGyver estão, acredito que bastante ocupados coordenando os meninos em Otsu. Tadeji anda ocupado levantando o inventário de nossas coisas para nossa volta para.... - Mari já está com um sorriso enorme e olhando para Yunuen em grande expectativa. Yunuen continua mais cuidadosa. - ...para Kob...

Ia! A gente vai voltar para Kobe?! QUE MASSAAAA! - Mari interrompe Yunuen. - Como, porque, quando?? Lá não tá comprometido não? Achei que íamos para canto novo! Fala, fala, FALA! - Exclama Mari animada se pendurando na mesa. 

Menos, tonta! - Fala Yunuen com um meio sorriso. - Você está certa, há chances dela estar comprometida, mas são muito pequenas, mais provavel eles saberem qual a cidade, saber que estamos debaixo de uma das relíquias da cidade, aí fica mais difícil. Mesmo assim, lá estamos cercados de aliados, sem falar que não conseguiriamos encontrar um novo local para comportar tudo que precisamos em pouco tempo. E Lacroix não quer depender dos Yagyu. Por isso estamos todos ocupados com a logística. - Com o retorno do nosso financiamento não há o porquê de não voltarmos. Isso é até bom porque ocupa o Mamoru que anda bem desapontado consigo mesmo... E o Tanaka que também não está bem.

Ihhh, que ouve com meu Tanaka-senpai? - Mari pergunta preocupada, mas sem recompor sua postura. 

Brigou com a mulher, parece que foi feio. - Até dormindo em hotel ele está. 

Ai não, tadinho! - Mari fala com genuína pena. - Ele não merece isso não!

É... E ele está com o prato cheio, ligaram para ele de Paris, parece que ele vai finalmente conseguir entrar na prisão e pôr as mãos no pulha do Tatsuki.

Puta, aquele verme! - Mari fala.

Mesmo preso está dando um trabalho.  - Yunuen continua. - Boucher anda bem ocupada com a questão dos Yakuza e mesmo assim está se oferecendo para ajudar Tadeji com a Tríade Chinesa, Gunwoo está se articulando para viabilizar sua viagem até o Camboja...

Que tem o Camboja? - Mari pergunta, mas imediatamente se responde. - IIHH! Tem a ver com os prisioneiros dos Heróis do Khmer Vermelho, né? - Yunuen gira os olhos.

Isso mesmo, o chefe deles que nós temos preso quer cooperar e tudo indica que Gunwoo vai conseguir a sua missão. 

Isso é massa!

Sim

Então todo mundo tá ocupado, menos você... - Mari provoca.

Yunuen fulmina a brasileira com os olhos, mas depois sorri e fala.

É, estou aqui perdendo meu tempo com você. 

IHhihihihihi!

Neste momento a comida chega, Yunuen involuntariamente esfrega as mãos enquanto o cheiro de porco frito chega às suas narinas. O atendente faz um truque com os pratos que faz Mari aplaudir e Yunuen sorrir nervosa, depois os coloca a frente delas. 

Agora é sua hora de dizer o que se passa por aqui. - Yunuen fala enquanto derrama uma generosa quantidade de shoyo no repolho e vai o devorando primeiro. Mari vai com água na boca no porco com o miso² vermelho. 

A coisa tá foda aqui, Yunuen. Tá confirmado, esses Black Warriors tão metidos em um esquema de tráfico humano mesmo, as vítimas principais são os usuários das drogas que eles próprios estão vendendo. Eles também usam um esquema de caça-talentos que parece bem legítimo, o Eagle-Eye americano, daí as vítimas caem feito bestas e as autoridades não suspeitam de nada.

-Que merda.

É. Esse esquema deles não é só aqui em Nagoya não, é em todo o Japão. Pelo que pude ouvir, eles escoam todas as vítimas para a bahía de Yokohama, ou seja, eu suspeito que eles usem uma daquelas ilhas de Tóquio. Para isso, eles usam um só Tubarãocóptero no porto de Minatu-ku³...

Tubarão-que?

Há! É um navio sinistro e grandão que tem umas hélices que fazem o bicho voar. O bicho é bem armado e eu nunca ví nada igual! Então nomeei de Tubarãocóptero. 

Yunuen pisca.

Ok, continue. 

Eles estão sendo ajudados por outra gangue internacional, os Drednoks4, e usam o programa Nihon Hiro como chamariz. A polícia não faz nada, mas tem um investigador no caso. Esquisito, né?

Sabe quem é o investigador?

Hm! Um sujeito que pediu transferência de Tóquio só para investigar os Black Warriors, o nome dele é Jun Harada. O inspetor chefe dele é Yoshiro Hiroji. Um dos dois, ou os dois, podem ser corruptos.

Temos que saber disso.

Sim. Planejo contar com a ajuda de Nakayama.

Boa ideia. 

Mas antes, a gente precisa descobrir qual ilha eles estão usando.

Já tem um plano?

Hm! Primeiro descobrimos qual é a ilha que eles estão usando, tipo o que fizemos em Okinawa. Entradas e saídas, efetivo, embarcações, tudo que pudermos fazer de forma segura. Daí se pudermos coletar fotos e gravações do que rola lá, já ajuda muito. - Mari olha para Yunuen como se quisesse algum tipo de aprovação.

Sim, continue.

Bem, eu já me adiantei e já entrei em contato com Nakayama Mayu, e a inteirei de tudo. Com a ajuda dela a gente pode descobrir o que tá acontecendo com a investigação daqui sobre os Black Warriors e descobrir quem é o corrupto, talvez até desempatar ela completamente.

Ela respondeu?

Ainda não, mas ela me deve uma, então eu tenho certeza que vai. 

Continue.

Bem, tendo a cooperação da polícia, a gente pode nos infiltrar na ilha e colher o máximo de provas possível com pouco ou nenhum confronto. Depois vir aqui e mentir na cara dura dizendo que somos fugitivos do esquema e denunciar tudo mostrando as provas que pudermos mostrar! Daí é só deixar com a polícia para acabar com eles, a gente até pode ir pra ajudar! Gênio, não?

Isso se Nakayama ajudar e se ela for bem-sucedida em descobrir o que está prejudicando as investigações sobre os Black Warriors.  - Yunuen fala enquanto termina de comer. 

Tá, se ela não puder ajudar ou não descobrir nada, vamos ter que descobrir nós mesmas o que tá rolando na polícia. - Mari fala com frustração na voz. 

Isso mesmo, e isso pode demorar. Tá pronta para isso?

Não, mas é o jeito, né? Queria resolver isso nesse mês. - Mari fala emburrada.

Teu plano é bom, e é bem provável que Mayu queira ajudar, mas nunca se sabe. Então se prepare para o pior. - Mari não responde, fazendo uma cara de muxoxo. 

Não fique assim tonta! Estamos nessa juntas, ok?  - Yunuen fala enquanto aperta uma das mãos de Mari, fazendo a brasileira sorrir. - Ainda estou com fome, vou pedir mais um desse e aqueles docinhos redondos, qual o nome?

AH! É Tabimakura5

Uma dúzia daquilo ali e café, vamos comemorar seu aniversário.

Sério!? OBAAAA!

1 – Prato típico de Nagoya, é porco frito imerso em óleo e servido junto com repolho fatiado e arroz. Ele é temperado com o famoso molho de miso vermelho de Nagoya.

2 – Miso vermelho é um molho a base de soja, mas não utiliza os grãos de soja. É um molho de textura encorpada, sendo doce e forte típico da região de Nagoya.

3 – Minato-ku é uma região costeira peninsular de Nagoya, nos anos 80 lá não havia nada em particular, um local perfeito para pessoas que não querem ter olhares curiosos, sejam namorados ou bandidos...

4 -   Drednoks é uma gangue internacional de motociclistas originária da Austrália, mas que cresceu em todo o mundo. Eles se envolvem em tráfico de armas, drogas e tráfico humano, além de realizarem ações de guerrilha. Eles são considerados uma organização terrorista pela maioria das Agências de Defesa do mundo. 

5 – Tabimakura é um confeito típico de Nagoya, é um wafer encoberto com pasta de feijão doce e decorado com gergelim preto.

 


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